Reflexão do Evangelho de terça-feira 16 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 16 de fevereiro
Mt 6,
7-15 - A oração do Pai-Nosso
No tempo de Jesus, a palavra “Pai” não se
encontra em nenhuma oração dirigida a Deus. No entanto, nos Evangelhos, por
doze vezes, sem contar os textos paralelos, Jesus se dirige, em sua oração, “ao
Pai”, com quem Ele se relaciona de modo natural e simples. Essa atitude de
Jesus, que expressa uma profunda experiência religiosa de intimidade com Deus,
ficou gravada no coração de seus discípulos, que assumiram também para si o
“Pai-Nosso”, como fórmula de oração. Intimidade que não se restringe à oração;
estende-se à sua mensagem, atividades e até ao seu modo de falar, provocando
espanto aos ouvintes, já escandalizados pela autoridade com que Ele falava da
vinda do Reino de Deus como salvação para a humanidade.
A oração do Pai-Nosso se inscreve no âmbito da
cotidianidade da vida cristã, conforme recomendação da “Didaqué ou Doutrina dos
Doze Apóstolos” (dos anos 60-80 d.C.), dada pouco antes de transcrever o
Pai-Nosso: “Assim orareis três vezes ao dia”. Aos que se preparavam para o
batismo, os catecúmenos, ela é entregue solenemente, suscitando belíssimos
comentários em muitos Padres, entre os quais Tertuliano, S. Cirilo de
Jerusalém, S. Agostinho e S. Pedro Crisólogo. Assim, em seu comentário sobre o
Pai-Nosso, S. Cipriano lembra que ao se dizer: “Santificado seja o vosso nome”,
não estamos santificando o Senhor com nossas orações, “mas estamos pedindo a
Ele que o seu nome seja santificado em nós”.
“Venha a nós o vosso reino”: esta talvez seja a
súplica mais importante feita pelos primeiros cristãos, que experimentavam a
presença de Jesus, agindo na história para o seu bem, e também já aguardavam a
sua vinda final, quando então Ele iria estabelecer definitivamente seu reino de
paz e de felicidade. Dessa maneira, o Pai-nosso é a força que mantém em coesão
a comunidade dos discípulos, que, voltados para Deus, abrem o coração ao seu
incondicional amor por todas as criaturas; é a energia espiritual que leva cada
um deles à comunhão é à doação mútua, permitindo-lhe dizer, não “meu” Pai, mas
“nosso” Pai, a quem ele pede o pão “nosso” de cada dia. O perdão, a ele
concedido, é vivido no perdão aos seus semelhantes, que efetiva, em seu
coração, a bondade de Jesus, sinal de sua misericórdia. Consequentemente, ser
cristão é ser “misericordioso, como o Pai celeste é misericordioso”: no perdão
do Filho Jesus, ele é recriado, torna-se nova criatura, e é luz que transfigura
o universo, no despontar de um novo céu e de uma nova terra. Na oração do
Pai-Nosso, abandonando todo egoísmo, o discípulo se abre à comunhão com os
irmãos, e cuida da criação, com respeito e amor desinteressado.
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