Reflexão do Evangelho de quinta-feira 25 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 25 de fevereiro
Lc 16,
19-31 - Parábola do mau rico e do pobre Lázaro
A parábola fala de um homem muito rico,
não propriamente cruel ou desdenhoso, mas que, simplesmente, ignora o pobre
mendigo, prostrado à porta de sua casa, definhando-se. Requintadamente vestido,
ele se deleita em sua riqueza, o que leva S. Jerônimo a exclamar: “Ó mais
infeliz entre os homens, vês um membro do teu corpo prostrado diante da porta e
não tens compaixão. Em meio às tuas riquezas, o que fazes do que te é supérfluo?
” Hoje, perante tantos famintos, desprezados e rejeitados, a mesma indignação
brama em nossos corações. No entanto, no dizer do Papa Francisco, “muitos se
acomodam e se esquecem dos outros, não veem seus problemas, suas chagas e
dores. Estes caem no indiferentismo”.
Quando
ambos morreram, os anjos levaram o pobre Lázaro “para junto de Abraão”,
enquanto o rico permanece “na região dos mortos, no meio dos tormentos”. O
abismo que os separa foi criado ao longo da vida terrena, pois Lázaro não é simplesmente
um pobre, mas representa também um homem de fé, que não perde a esperança em
Deus, apesar de uma vida adversa e sofredora. Aliás, o nome Lázaro significa
“Deus é meu auxílio”. O rico indica alguém que, neste mundo, não vê nada além
das riquezas, permanecendo preso aos bens materiais e aos prazeres humanos. É significativo o fato de Jesus, observa S.
Agostinho, “não se referir ao nome do rico, mas dizer apenas o nome do pobre. O
nome do rico andava de boca em boca, mas Deus não o nomeia; silenciavam o nome
do pobre, mas Deus o revela. Assim, Deus, que habita no céu, silencia o nome do
rico porque não o encontra inscrito no céu. Porém, declara o nome do pobre
porque aí o encontra inscrito, por sua própria solicitação”.
Pródiga em imagens, a parábola retrata a retribuição
concedida a Lázaro e os sofrimentos do rico. Severidade do Mestre? O que é
ressaltado, não são os sofrimentos do rico, mas os ensinamentos dos profetas,
que falam da esmola e de suas consequências para a eternidade, pois ela “cobre
uma multidão de pecados”. Ao falar do amor incondicional de Deus por todas as
criaturas, S. Gregório de Nissa salienta a figura do pobre, que emerge na
Igreja como força salvadora, por serem, diz ele: “Os administradores da nossa
esperança”. Consequentemente, a parábola anuncia um Deus de bondade que deseja que
seus filhos se afastem do egoísmo, da ganância e do indiferentismo, e vivam a generosidade
e o amor desinteressado.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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