Reflexão do Evangelho de segunda-feira 29 de fevereiro



Reflexão do Evangelho de segunda-feira 29 de fevereiro
Jo 4, 5-42 - Jesus e a samaritana
      

       Voltando de Jerusalém para a Galileia, Jesus passa pela grande artéria de comunicação da Palestina, a Samaria. Ele chega a Siquém, lugar onde o Povo de Deus se reunira para a renovação da Aliança do Sinai. Cansado pela longa caminhada, “sentou-se junto ao poço”, aonde a população local vinha retirar água. Os discípulos tinham ido à cidade procurar algo para comer. Ele permanece ali, sozinho. Naquele instante, uma mulher samaritana chega para buscar água. Era pelo meio-dia, o sol a pino e ardente. Ela escolheu aquele horário para escapar do contato público, pois, normalmente, as mulheres iam à fonte nas primeiras horas da manhã, enquanto não se fazia muito calor. Jesus não demonstra qualquer estranhamento. Vendo-a, Ele entabula uma conversação com ela, deixando de lado as barreiras de nacionalidade e os costumes rígidos do judaísmo. Mais uma vez, Ele irá mostrar que ninguém está impedido de alcançar o amor de Deus e a boa nova da salvação; suas atitudes provam que Ele veio à procura daquele que se desgarrou.  
Assim, para admiração da samaritana, aquele homem, judeu, pede-lhe de beber. E não só. Ele lhe promete dar uma “água viva”, e quem dela bebesse não teria mais sede. Ela toma suas palavras ao pé da letra, e suplica: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha de vir aqui para tirá-la”. Ela não compreendeu o que lhe fora dito, pois, lendo o seu interior, Jesus reconhece que ela sente, sobretudo, sede de Deus. Dirá S. Hipólito: “Ele lhe concede a água do Espírito, que refresca o paraíso, enriquece a terra e dá vida às coisas viventes”.
 Mais uma vez, confirma-se a maneira compreensiva de Jesus se relacionar com as pessoas e a sua generosidade em oferecer a salvação a todos; pois bem, diz-lhe Ele, “vai, chama o teu marido e volta aqui”. Diante da resposta de que não tinha marido, Jesus a surpreende, dizendo: “Tens razão, pois tiveste cinco e o que agora tens não é teu marido”. À sua frente, um estrangeiro que conhecia a sua vida: “Senhor, vejo que és um profeta”. Confusa e, talvez, tentando desconversar, ela acrescenta: “Nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”. Pasma, ela ouve a resposta: “Acredita-me, mulher, vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai (...). Mas vem a hora – e é agora – em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade”. É um novo tempo, já presente, não caracterizado por um lugar de culto ao Pai aqui ou ali, mas por uma adoração que brota da ação do Espírito divino nos corações.    
Ao longo do diálogo, reascende-se nela a esperança da vinda do Messias-Profeta. Porém, sua expectativa não era ligada à vinda de um Messias, descendente de Davi, mas à vinda de um profeta como foram para o seu povo Moisés e Elias. No entanto, ela não titubeia, simplesmente, crê em suas palavras: “Sou eu, que falo contigo”; sua voz ressoa em seu interior, resposta ao desejo alimentado por ela e por todo o seu povo. Célere, dirige-se à cidade e conta a todos o seu encontro com aquele estrangeiro. “Ela escuta e responde, diz S. João Crisóstomo, crê imediatamente e assume o papel dos Apóstolos: anuncia a todos e os conduz à vida, que é Jesus”. Enquanto isso, à beira do poço, os discípulos oferecem alimento a Jesus, que lhes diz: “Tenho um alimento que vós não conheceis”. Num primeiro instante, eles se perguntam: “Teria Ele recebido, na ausência deles, algo para comer? ” Então, Jesus explica que o seu alimento é fazer a vontade daquele que lhe enviou e levar a termo a sua obra. Chegando da cidade, os samaritanos escutam com alegria a sua mensagem. Se até então, por causa do relato a mulher, eles pensavam ser Ele um Profeta, agora dizem eles: “Nós mesmos ouvimos e reconhecemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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