Reflexão do Evangelho de Domingo 24 de abril
Reflexão
do Evangelho de Domingo 24 de abril
Jo 13,31-35
– Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.
Voltado para o futuro, Jesus anuncia o
Reino de Deus, dando-lhe um rosto concreto: uma vida íntegra na prática do bem.
Ele não ensina propriamente uma doutrina sobre o futuro, mas, ao manifestar
confiança incondicional em Deus, Ele deixa entrever aspectos que o mostram
diferente do hoje. O fato de Ele celebrar a ceia, por diversas vezes, particularmente
com os pecadores, evidencia a alegre ligação que Ele mantinha com as pessoas e
a oferta do perdão aos publicanos e excluídos, realidade que se efetivará no
Reino de Deus. Assim, na Última Ceia, Jesus realiza sua união com seus seguidores
e declara que, com a sua morte e ressurreição, será instaurado o reino do amor e
será abolida a escravidão do pecado e da morte. Exclama S. Gregório de Nissa: “Dia
muito diferente dos que foram estabelecidos desde o início da criação do mundo
e medidos pelo decurso do tempo; este dia é o início de uma nova criação”.
Durante
a Ceia, na oração sacerdotal, Ele expressa com clareza sua união com o Pai e
com os discípulos, e evidencia o meio que permite aos discípulos alcançar essa
união: o amor (ágape) do Pai, que se revela por meio dele. Como transparece, a
perspectiva de Jesus é comunicar a vida divina a todos os que aderem a Ele no
amor: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. O
amor do Pai por Ele e o seu próprio amor pelos discípulos constituem a fonte e o
modelo do amor fraterno: o amor não pode ser reduzido ao nível sentimental,
afetivo, mas deve ser vivido, concretamente, no amor mútuo.
Na
sexta-feira santa, rodeado pelos soldados e dois ladrões, cumprem-se as
palavras proféticas: “Como Filho e herdeiro do Pai, eu liberto os homens da
escravidão, eu transformo a lei que condena em graça que justifica” (S. Cirilo
de Alexandria). Às 15 horas, os céus se turvam e um último suspiro, sublime
expressão de generosidade, se eleva de sua alma: “Pai em vossas mãos entrego o
meu espírito”: doação de sua vida ao Pai, para que todos sejam um no amor. O
centurião, que ouvia suas últimas palavras e observava seu rosto sereno,
exclama: “Na verdade, este homem era o Filho de Deus”. É a vitória sobre as
forças das trevas, é o triunfo da Verdade do amor, impresso na alma dos discípulos
como novo mandamento, deixado por Ele: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!
”. Neste contexto, S. Agostinho conclui com uma bela reflexão: “Como Cristo, o
Salvador, nos amou para salvar-nos, assim a caridade devia despertar em nós o
profundo desejo da salvação espiritual de todos os que Deus quer salvar”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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