Reflexão do Evangelho de sábado 30 de abril



Reflexão do Evangelho de sábado 30 de abril
Jo 15, 18-21 - Os discípulos e o “mundo”


       Em sua despedida, Jesus revela aos Apóstolos que o amor comunicado por Ele, e que será atestado por sua morte, é tão essencial quanto os frutos de amor, produzidos no fluir de suas vidas. Querendo fortalecê-los e animá-los, pois eles haveriam de passar pelo mesmo batismo do sofrimento e beberem do mesmo cálice da dor, Ele assegura que não lhes irá abandonar. Em breve, Ele retornará. Entrementes, cabe aos Apóstolos permanecerem unidos, assim como “Ele e o Pai são um”, para que, incluídos nele, a sua glória seja manifestada e os que os ouvirem creiam em suas palavras.  
A unidade no amor supõe a vida em Deus, que se tornou acessível a todos na humanidade do Filho Jesus. Por isso, o “mundo”, ambiente dos que não creem, irá rejeitar os Apóstolos, pois se perseguiram o Mestre, também os perseguirão: se o amor produz frutos de convivência, o ódio ativo produz perseguição. No anúncio do Evangelho, eles hão de viver a fecundidade apostólica da vida fraterna, mas não deixarão também de encontrar oposição dos que não querem viver a novidade do amor trazido por Jesus. Todavia, indo além de todas as barreiras e amando até os que lhe querem tirar a vida, os Apóstolos serão regidos pela força do amor incondicional e não compactuarão com o “mundo”.   
O termo “mundo”, empregado, por diversas vezes, pelo evangelista S. João, refere-se a dois “mundos” diversos: um criado por Deus, nossa casa comum, que merece respeito e cuidado; o outro, formado pelos que se opõe a Deus e que não creem em Cristo. Neste sentido, S. Basílio Magno exorta os cristãos a evitarem o mundo “dos homens vãos e frívolos para estarem unidos a Deus e à sua vontade”, buscando a paz e a felicidade (euthymia). Se o pecado do homem lança a criação na morte e na corrupção, da mesma forma, a restauração do homem em Cristo renova o mundo em sua beleza primitiva e reúne na unidade todos os espíritos ávidos de justiça e de misericórdia. S. Gregório de Nazianzo alude a “imagens do mundo” como pensamentos de Deus ou expressões da vontade de Deus.
Sensibilizados e consolados, ao ouvirem o Mestre dizer: “O servo não é maior que seu senhor”, os discípulos compreendem que não existe mais espaço para uma atitude dúbia. Após alertá-los: “Neste mundo vós experimentareis a dor”, o Mestre os tranquiliza, dizendo: “Mas tende confiança, eu venci o mundo”. Então, com determinação e clareza, Ele lhes promete enviar o Paráclito, o Espírito da Verdade, cuja função é revelar o Filho, “por quem todas as coisas foram feitas” e que, em sua humanidade, liberta as pessoas, devolvendo-as a si mesmas, na alegre comunhão com o Pai.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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