Reflexão do Evangelho de sexta-feira 29 de abril
Reflexão
do Evangelho de sexta-feira 29 de abril
Jo 15,12-17
- Amai-vos uns aos outros, como eu vos
amei.
O
fato de Jesus celebrar a ceia com os pecadores evidencia a alegre ligação que
Ele mantinha com as pessoas, quaisquer que fossem, e sua oferta de perdão aos
publicanos e excluídos. Mais do que em outros momentos, foi também durante uma
ceia, a Última Ceia, que Ele manifestou sua união com os seus seguidores. Nela,
seu amor derramava luz sobre todos os que o circundavam, suas palavras eram tão
suaves quanto os gestos que fez na instituição da Eucaristia. Ele glorificava o
Pai, demonstrando bondade e carinho para com todos. Eis que Ele, abrasado de
amor, declara que, com a sua morte e ressurreição, haveria de instaurar o Reino
de misericórdia, que poria fim à escravidão do pecado e da morte. Exclama S.
Gregório de Nissa: “Dia muito diferente dos que foram estabelecidos desde o
início da criação do mundo e medidos pelo decurso do tempo; este dia é o início
de uma Nova Criação”.
Na
oração sacerdotal, Ele expressa sua união com o Pai e com eles, seus
discípulos, e assinala o modo como alcançar essa união: o amor (ágape) do Pai, revelado
plenamente por Ele. Fala de Paz, fala de comunhão de vida com o Pai, no desejo
de comunicá-la a todos: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns
aos outros”. Fascinante ensinamento: o amor fraterno testemunha o amor do Pai
por Ele e o seu próprio amor pelos discípulos, pois o amor não pode ser
reduzido ao nível sentimental, afetivo; deve ser vivido, concretamente, no amor
mútuo.
Na
sexta-feira santa, rodeado pelos soldados e dois ladrões, cumprem-se as
palavras proféticas: “Como Filho e herdeiro do Pai, eu liberto os homens da
escravidão, eu transformo a lei que condena em graça que justifica” (S. Cirilo
de Alexandria). Às 15 horas, os céus se turvam e um último suspiro, sublime
expressão de generosidade, se eleva de sua alma: “Pai, em vossas mãos entrego o
meu espírito”: doação de sua vida ao Pai, para que todos sejam um no amor. O
centurião, que ouvia suas últimas palavras e observava seu rosto sereno,
exclama: “Na verdade, este homem era o Filho de Deus”. É a vitória sobre as
forças das trevas, é o triunfo da Verdade do amor, impresso na alma dos
discípulos como novo mandamento, deixado por Ele: “Amai-vos uns aos outros como
eu vos amei! ”. Agostinho compreende a linguagem dos gestos de Jesus e conclui:
“Como Cristo, o Salvador, nos amou para salvar-nos, assim a caridade devia
despertar em nós o profundo desejo da salvação espiritual de todos os que Deus
quer salvar”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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