Reflexão do Evangelho de quinta-feira 28 de abril
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 28 de abril
Jo 15,
9-11 - Assim como o Pai me amou, também eu vos amei.
Jesus não apresenta uma nova doutrina, tampouco
um insólito projeto social, mas, ao mostrar a face humana de um Deus, que nos
ama a ponto de dar a vida por nós, Ele revoluciona a relação do homem com Deus.
S. Irineu exclama: “Como poderia o homem ir a Deus, se Deus não tivesse vindo
ao homem? Como libertaria o homem de seu nascimento de morte se não fosse
regenerado na fé com um novo nascimento? ”. O ser humano não é uma realidade
fechada e estática; ele é um ser dinâmico, determinado por sua comunhão com
Deus, que o liberta do pecado e da morte.
Situado no mundo, numa total abertura a todas as criaturas, ele é chamado
a fazer parte da vida divina, por uma ação, que, por não lhe ser extrínseca, o transforma
profundamente: os primeiros cristãos falam de deificação, adoção filial,
participação da imortalidade de Deus.
De início, os Apóstolos não entenderam
bem as palavras de Jesus, chegando Judas Tadeu a perguntar-lhe: “Senhor, por
que te manifestas a nós e não ao povo? ”. Sua resposta foi imediata, sem deixar,
no entanto, de soar de modo enigmático: “Vede, se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do
meu Pai e permaneço no seu amor”. Por conseguinte, o amor a Deus não é abstrato:
da mesma forma que o amor de Jesus ao Pai é manifestado em sua obediência a
Ele, o compromisso e a observância do “novo mandamento”, dado por Cristo aos
discípulos, são a garantia da permanência deles em seu amor. O fluxo de amor do
Pai para o Filho, que veio ao mundo para estar conosco e acolher a todos, estende-se
aos discípulos e os envolve.
Pela
reciprocidade do amor, pedra de toque da qualidade de “discípulos”, eles se
tornam morada de Deus, conforme apregoa o Apocalipse: “Eis que eu estou à porta
e bato: Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e
cearei com ele, e ele comigo” (3,20). Sem privilégios, que, aliás,
desestruturam a fraternidade, eles se unem ao Filho, fruto do amor do Pai, e vivem,
de modo o mais denso, o amor no perdão, na solidariedade e na misericórdia para
com todos.
Por
consequência, cristaliza-se assim o caminho a ser seguido por nós: a compaixão
de Jesus, em grego, “simpatia” (sympatheia),
capacidade de sofrer-com, de sentir-com; a norma é o seu amor; a medida é a sua
doação gratuita e generosa: a misericórdia (splagxvízomai),
que lhe permite sacrificar a vida por seus “amigos”, e, também, por seus
inimigos. Diz-lhes Jesus: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos
escolhi e vos designei para irdes a caminho e produzirdes fruto”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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