Reflexão do Evangelho de quinta-feira 21 de abril
Reflexão do Evangelho de quinta-feira 21
de abril
Jo 13, 16-20 - O servo não é maior do que
seu Senhor.
No momento solene da última
ceia, Jesus lembra que não só ali, mas em qualquer outra ocasião, os discípulos
deviam abolir todo tipo de ambição. Reunidos em volta da mesa, eles partilham
os alimentos e sentem-se irmanados. A imagem da refeição ou do banquete era
muito querida por Jesus, que a utiliza em algumas parábolas e é apresentada
como sinal de comunhão na vida futura.
Inesperadamente, Jesus
levantou-se e, após depor o manto e cingir-se com uma toalha, pôs-se a lavar os
pés dos Apóstolos, dizendo-lhes: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz,
também vós o façais. Se eu vos lavei os pés, eu, que sou o vosso Mestre, muito
mais vós deveis lavar os pés uns dos outros”. Para Clemente de Alexandria e
Orígenes esse gesto representa, simbolicamente, a penitência ou a remissão dos
pecados cometidos após o Batismo; vale também lembrar a ideia de Orígenes de
que Jesus estaria “preparando os pés dos Apóstolos para anunciar o Evangelho a
todas as nações”. Mais tarde, esta passagem será utilizada contra a ambição
daqueles que buscam honrarias, ao invés do serviço.
Já o dia ia avançado, quando Jesus toma o
pão e o cálice e institui a Eucaristia, centro da união dos homens com Deus, e
deles entre si. O gesto de partir o pão
e distribuí-lo entre eles, gesto que irá caracterizar a Eucaristia como “fração
do pão”, exprime fraternidade, comunhão, mas também imolação de sua vida ao Pai.
Logo após, tomando “o cálice de ação de graças”, Ele diz ser o cálice do seu
sangue, sangue da nova Aliança, que, derramado na cruz, estará sempre associado
à ceia eucarística. “Assim, escreve S. Hilário de Poitiers, Ele uniu sua
natureza humana à natureza divina no sacramento em que nos dá a comunhão do seu
corpo. Deste modo, todos somos um só, porque o Pai está em Cristo e Cristo está
em nós”.
Por conseguinte, celebrar a
Eucaristia é participar do amor infinito do Senhor; e é colocar a serviço dos
irmãos nosso “corpo”, isto é, nosso tempo, nossas capacidades e energias. S.
Cirilo de Alexandria, meditando sobre esse momento, coloca nos lábios de Jesus
as palavras: “Digo-vos isto: todos irão rir de vós, no tribunal de Deus se,
sendo todos servos, vós não quiserdes prestar entre vós o serviço que eu, Deus
e Senhor, vos prestei”. Portanto, a Eucaristia, realidade constitutiva da vida
cristã, é fonte permanentemente geradora de um serviço despretensioso aos
irmãos: quem a recebe não pode deixar de abraçar o espírito do lavar os pés,
que abrange o atendimento e a promoção dos mais desprotegidos, os órfãos e as
viúvas, e dos mais carentes e sofredores. Por aí se entende as palavras do
Mestre: “Então, todos reconhecerão que sois meus discípulos, se houver o amor
entre vós”.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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