Reflexão do Evangelho de quarta-feira 27 de abril
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 27 de abril
Jo 15,
1-8 - A verdadeira vide
Atentos e surpresos, os Apóstolos ouvem
Jesus que, sem traços de legalismo, lhes fala de uma fé que exclui todo temor. Como
era costume seu, Ele extrai da vida, do dia a dia, exemplos que chegam ao
coração dos ouvintes. Assim, sem recorrer a ideias abstratas, Ele utiliza a
alegoria da videira, que para os judeus simbolizava a comunidade de Israel e
sugeria a ideia de paz e felicidade. Porém, para espanto dos discípulos, Ele não
se refere à vinha, mas a uma vide, ou seja, a um simples pé de uva. Ele o faz para
exprimir a união existente entre o tronco e os ramos, ou seja, entre Ele e os
discípulos. Aliás, quem não se admira ao ouvir essas palavras, que expressam a ideia
de circulação da vida divina, que proveniente dele se transfunde a todos os que
acolhem seus ensinamentos e aderem à sua pessoa!
Ao Pai cabe o cultivo da vinha. Se um
ramo não produz frutos, é cortado e lançado fora, mas aquele que produz fruto é
podado para produzir ainda mais. A poda se dá não apenas no momento em que o
discípulo opta por Jesus, mas ao longo da vida, em atos, que significam
fechamento sobre si mesmo ou abertura para viver na comunhão com Ele e em
sintonia respeitosa com a criação. A quem o acolhe, Ele diz: “Ele permanece em
mim, e eu nele”: união mística, união de amor do Cristo com os discípulos, que,
incluídos nele, são introduzidos no espaço divino da comunhão com o Pai.
Realiza-se, assim, o sonho do povo judeu: o estabelecimento da morada (shekiná)
de Deus, santuário do seu amor, no meio do seu povo. Descrição reforçada pelas
expressões de reciprocidade entre Jesus e seus seguidores: “vós em mim” e “eu
em vós”.
No entanto, naquele tempo, como hoje,
muitos não creem verdadeiramente em Jesus e negam essas suas palavras. Mas Jesus
não volta atrás. Com insistência, Ele reitera: “Crede em Deus... crede também em
mim”. Ora, os que lhe são fiéis permanecem em comunhão com Ele e, incluídos em
sua vida, amam-no com o mesmo amor com que Ele os ama, o que leva S. Agostinho
a exclamar: “Ele jamais poderia ser a videira, caso não fosse homem. Mas Ele
não poderia comunicar sua força aos ramos caso não fosse também Deus”. Também
nós, se permanecermos em comunhão com Jesus, Ele permanecerá em nós, ou seja, a
sua Palavra fará morada em nós e, em, seu amor, amaremos o mundo circunstante
humano, num amor comprometido, amor de aliança.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário