Reflexão do Evangelho de sexta-feira 22 de abril



Reflexão do Evangelho de sexta-feira 22 de abril
Jo 14,1-6 - Não se perturbe o vosso coração
      

       O sol brilhava na manhã de quinta-feira, quando Jesus pediu aos Apóstolos para prepararem a ceia pascal. Ele desejava celebrar a Páscoa com os seus discípulos, dando a esta última festa um sentido todo particular. Assim, no crepúsculo daquele mesmo dia, Ele entra na cidade de Jerusalém e dirige-se à sala preparada para a ceia, onde institui a Eucaristia e prepara os Apóstolos para o momento de sua morte.
Após terem ceado, Ele busca confortar os Apóstolos e tranquilizá-los, pois eles se sentiam ainda perturbados pela questão de quem seria o traidor. Embora Jesus lhes diga: “Não se perturbe o vosso coração”, estas palavras soam aos ouvidos deles como se fosse uma despedida. O carinho do Mestre por eles é grande: Ele não quer deixá-los angustiados e inseguros. Por isso, para consolidar a fé e a esperança em seus corações, afirma-lhes: “Crede em Deus... e também crede em mim”.
Afirmação desafiadora: não estaria Jesus exigindo muito deles, pois só em Deus se pode e se deve crer de modo absoluto? Ora, como o relacionamento, que Jesus mantinha com Deus, era espontâneo e natural, eles não estranharam a equivalência, que será reiterada por Ele, ao dizer: “Eu vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, eu virei novamente e vos levarei comigo”. Imediatamente, à mente dos discípulos surge a imagem da “tenda do encontro”, lugar em que Moisés ou o Sumo Sacerdote, uma vez por ano, penetrava para colocar-se na presença de Deus, modelo da realidade celeste e divina, onde eles seriam introduzidos por Jesus. Não deviam se preocupar, pois na casa do Pai há muitas moradas, significando, no dizer de S. Agostinho, “que uma grande multidão alcançará a glória da casa do Pai”, onde eles gozariam da feliz e misericordiosa intimidade de Deus.
Um fio de lágrima escorre pela face dos discípulos, pois eles reconhecem que não foram vãs as palavras ditas pelo Mestre: “Não vos chamo servos, mas sim amigos”, pois onde Ele estiver também eles aí estarão. Em sua franqueza proverbial, Tomé lhe pergunta: Mas como, se não conhecemos o caminho? Se, naquele momento, eles se sentem confusos e indecisos, mais tarde, eles compreenderão a resposta de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim”.
Após a morte e ressurreição de Jesus, os Apóstolos fazem, no dia de Pentecostes, experiência da misericórdia de Deus, que lhes concede a certeza da renovação de sua própria vida, e nisso proclamam Jesus vivo, presente e atuando no meio deles, comunicando-lhes confiança e serenidade. Prontos a dar a própria vida pelo Senhor, eles compreendem melhor o que Ele lhes dissera: “Não se perturbe o vosso coração”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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