Reflexão do Evangelho de sábado 23 de abril
Reflexão do Evangelho de sábado 23 de
abril
Jo 14,7-14 – União dos homens a Deus
Jesus não veio para estabelecer uma
nova estrutura humana, mas para restaurar a criação em sua glória divina
original: sua ressurreição é o início da nova verdadeira criação de Deus. Pois
a vitória sobre o pecado e o mal o torna primícias do homem novo da nova
criação, o primeiro entre muitos irmãos. Ele é o homem novo, o Caminho para o
Pai; Ele é aquele que torna Deus acessível à criatura humana, sem diminuir nem
eliminar o humano, que nele se realiza em sua forma mais elevada e autêntica. Assim,
ao afirmar: “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”, Ele revela ser nossa
inalienável união com Deus, o que nos permite dizer, com S. Irineu: “Pois a
glória de Deus é a Vida do homem e a Vida do homem é a visão de Deus”. Fato
decisivo: pela Ressurreição fomos restaurados na beleza primitiva e já antevemos
nossa transfiguração, como homens novos num mundo novo, portadores da imensa
capacidade de luz e de paz.
Essa
estreita união com o Pai nos permite compreender sua autoridade e sua perfeita
adequação à vontade de Deus. Consequentemente, sua missão não se reduz a uma
simples função dada pelo (apó) Pai,
tampouco é Ele um homem dotado de carismas especiais: Ele é um ser proveniente
de uma esfera de realidade diversa e sua missão, mais do que um mandato do Pai,
é expressão dele mesmo, o Filho, que provém do (ek) Pai: “Se Deus fosse vosso Pai, amaríeis também a mim, porque
saí do Pai e dele venho” (8,42).
Mais uma vez, percebemos que a preocupação do
Evangelista não é salientar a humanidade de Jesus, mas pôr em evidência que Ele
é a Palavra, “que estava com Deus” e que se tornou carne. Efetivamente, para S.
João, é decisivo ter em mente que, por origem, Jesus pertence não à esfera
humana, mas a outra ordem, da qual já temos uma experiência viva e acessível. Por
isso, diante da pergunta de Filipe: “Mostra-nos o Pai, isso nos basta!”, Jesus
lhe diz: “Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim?”. Se não
cremos em sua Palavra, ao menos acreditemos por causa do que Ele faz.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
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