Reflexão do Evangelho de domingo 31 de julho
Reflexão
do Evangelho de domingo 31 de julho
Lc 12,
13-21 - Não ajuntar tesouros
À multidão que o segue, Jesus anuncia o
Reino de Deus, não apenas como algo iminente, mas, como sendo já uma realidade:
“O Reino de Deus está no meio de vós”. Ao contrário de João Batista, Jesus
anuncia essa vinda do Reino, não como manifestação do julgamento para os que
recusam acolher a sua mensagem, mas como presença da misericórdia divina: Jesus
é o “profeta” da salvação. O Reino, por Ele proclamado, fala da paternidade
divina, expressão de um amor criador, mas também salvador: o pecador não é
rejeitado, mas é recriado, a partir do seu próprio pecado, pois mais do que
livrá-lo do mal, ele é adotado pelo Pai, que ama mesmo os que não mais o amam,
com um amor sem limites.
Estando
ainda falando, aproxima-se dele um homem que expõe uma questão de herança entre
ele e seu irmão, que nega conceder-lhe a parte que lhe cabe na partilha dos
bens. Segundo seu costume, Jesus não intervém diretamente, mas aproveita a
ocasião para elevar o espírito de seus interlocutores e fazê-los passar dos
interesses temporais ao “tesouro” eterno do Reino de Deus. Assim, após alertar
contra a excessiva preocupação com os bens terrenos, recomenda-lhes:
“Precavei-vos cuidadosamente de qualquer tipo de ganância, pois, mesmo na
abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”.
Para
ilustrar o seu pensamento, Ele conta a parábola do rico, cuja terra tinha
produzido muitos frutos. “Ele, então, refletia: Que hei de fazer? Não tenho
onde guardar minha colheita”. Após construir celeiros maiores, diz: “Agora,
repousa, come, bebe, regala-te”. E Jesus encerra a parábola com as palavras:
“Insensato, nessa mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas que
acumulaste, de quem serão?”. E, voltando-se para seus ouvintes, conclui:
“Assim, acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico para
Deus”.
Com essas palavras, o Mestre deseja
conduzir não só os dois irmãos, mas todos seus ouvintes a uma situação filial com
Deus, que se traduz na atitude de total disponibilidade, em que a avareza é
afastada e passa a vigorar uma real confiança em Deus, que os torna livres para
dispor generosamente de seus bens. Por isso, diante das palavras do rico que
dizia: “Vou demolir meus celeiros, construir maiores, e lá hei de recolher todo
o meu trigo e os meus bens”, S. Agostinho declara com ênfase: “O estômago do
pobre é o depósito mais seguro para os grãos recolhidos”. O amor do Pai não é
apenas proclamado por Jesus; Ele o torna presente. Chega o Reino de Deus e é
preciso colocar-se a serviço do verdadeiro tesouro: o tesouro da caridade e da
fraternidade, deixando de lado o egoísmo e a ganância.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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