Reflexão do Evangelho de quinta-feira 14 de julho
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 14 de julho
Mt 11,
28-30 - Jesus é o Mestre com fardos leves
Um
dia, voltando-se para os peregrinos que o acompanhavam, disse-lhes Jesus: “Vinde
a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo”. Em geral, o chamado
de Jesus incluía conversão, com consequências práticas na vida social e
familiar de quem o seguisse: privar-se de suas posses e deixar a família e o
lar. Não é sobre essas consequências que Ele está falando ao se referir “ao
peso do vosso fardo”, mas provavelmente, num sentido figurado, sobre as muitas
exigências e prescrições, que os escribas e fariseus colocavam sobre os ombros
do povo. Em contraposição, Jesus descreve seu jugo como sendo “suave”, isto é, “bem
ajustado”, “adequado”. Em outras palavras, àqueles que o seguissem, buscando a
santidade de vida, suas determinações sobre a conduta religiosa e moral correspondiam
a uma correta e proveitosa relação deles com Deus; eram adequadas, brotavam de
uma relação fiel com Deus, que se estabelecia amando e servindo aos seus
semelhantes, e não a partir de obrigações meramente jurídicas.
Como os fariseus permanecessem
mergulhados no mar do ritualismo e da casuística das intepretações da Lei, arma
poderosa de domínio sobre o povo, e terreno fértil para abusos e arbitrariedades,
as palavras de Jesus lhes pareciam incompreensíveis. O povo, no entanto, se
alegrava com que ouvia, e dizia ser Ele, nas palavras do profeta Isaías, o Arauto
da boa notícia, aquele que traria aos fatigados o verdadeiro descanso; Ele é o
“Sábado” do novo Povo de Deus: “Seu fardo é leve e seu jugo é suave”. Alguns
dos ouvintes hesitavam, pois suas palavras soavam como uma novidade imprevista;
muitos outros o seguiam pelo caminho da misericórdia, que lhes infundia esperança,
alegria e coragem.
Diferentemente
dos fariseus, ao Filho amado do “Abba”, doce e humilde de coração, foram
confiados o mistério e a instauração do Reino dos céus, juntamente com o poder
de revelá-los aos discípulos, que se inscrevessem na escola do amor “agápico”. Ao
ouvirem o Mestre dizer-lhes: “Eu vos darei descanso”, certa decepção marca o
semblante dos discípulos. Escreve S. Agostinho: “É possível que eles esperassem
uma proposta diferente”, pois no momento, suas palavras soavam como se Ele
estivesse apenas convidando-os a um repouso para refazer suas forças. No
entanto, pouco a pouco, eles percebem que a intenção do Mestre é orientá-los
para o verdadeiro sentido da Lei: a justiça e o amor, que, quando desprezado, causa
ruptura entre Lei e Vida, tornando a observância da Lei pesada e insuportável, e
o cumprimento das prescrições legais uma grande hipocrisia. Caso eles optem por
segui-lo, “o coração inquieto deles encontrará repouso” e eles estarão
participando da verdadeira e interminável Vida.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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