Reflexão do Evangelho de terça-feira 26 de julho





Reflexão do Evangelho de terça-feira 26 de julho
Mt 13, 16-17 – Felizes porque veem ...
      

       Neste breve relato, Jesus fala do Reino que está chegando: sua instauração se realiza mediante aqueles que veem e conhecem os seus ensinamentos. A afinidade entre os verbos ver e conhecer é grande, sobretudo, nos escritos de S. João, que declara: “Todo aquele que permanece em Cristo não peca. Todo aquele que peca não o viu nem o conheceu” (1Jo 3,6). A fé consciente daquele que conhece Cristo, não é um fato momentâneo; radica-se no profundo entendimento de quem saboreia essa verdade revelada por Ele, pois para ser verdadeiramente seu discípulo é preciso aderir à sua mensagem, não apenas superficialmente.
       Neste contexto, Jesus chama os discípulos de “bem-aventurados”, porque eles veem o que a outros escapa; eles admitem, na fé e na esperança, o que não é aceito por alguns, que se surpreendem pelo fato de Ele se identificar com o Servo sofredor, segundo a profecia de Isaías (Is 53). Clemente de Alexandria e, mais tarde, Orígenes referem-se ao “ver” e ao “conhecer”, colocando-os em planos diversos, para caracterizar a existência de dois níveis de seguidores de Jesus: a grande massa de cristãos incultos, presos a uma fé elementar, e os cristãos eleitos, iluminados graças a um aprofundamento da Sagrada Escritura. Essa mesma distinção aparece na comunidade de Corinto, ligada à pretensão de certas prerrogativas e de uma especial liberdade, defendidas por alguns de seus membros. Essa distinção caracterizava a falsa gnose, claramente rejeitada por S. Paulo, que, como S. João, declara que Cristo não transmitiu um complexo de doutrinas, mas que a sua mensagem era Ele próprio, de modo que ambos os termos, ver e conhecer, terminam por se identificar em sua pessoa.
       Jesus é o Servo sofredor que proclama a Palavra de Deus; Ele é o profeta por excelência, que revela a Israel o cerne da Lei: renunciar ao princípio “olho por olho, dente por dente”, para efetivar, no amor ao próximo, que não tem limites, a “regra áurea”: “Tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei o mesmo a eles”. Por aí se entende o novo mandamento de Cristo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”, como portador de vida para a humanidade toda inteira, levando-nos à ousadia de dizer: assim como existe algo eternamente humano em Deus, também existe algo de divino no ser humano, que o orienta para a comunhão ou para a visão do Deus vivo. Nesse sentido, dizia S. Irineu: “A glória de Deus é a vida do homem e a vida do homem é a visão de Deus”.  

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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