Reflexão do Evangelho de quinta-feira 28 de julho
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 28 de julho
Mt 13,
47-53 - A parábola da rede
No tempo de Jesus, a expectativa da vinda
do Messias ligava-se à reunião de todo o povo de Israel, que gozaria de um
papel messiânico em nível mundial. O
Messias estaria profundamente unido ao seu povo, pois era impensável que um
ungido de Deus não agisse em nome de todos. Para os cristãos, esses aspectos eram
considerados como um acontecimento moral e espiritual da humanidade, acentuando
o “já realizado”, ligado à conversão e às boas ações dos homens; para os
judeus, tais aspectos eram concebidos como um tempo novo, que “completaria toda
obra começada e deixada inacabada”. Se o cristianismo reconhece em Jesus o
cumprimento das profecias, o judaísmo mantém viva a chama da esperança da vinda
de um Messias pessoal, acentuando o “ainda não realizado” de sua vinda. Por
isso, o tema do Reino de Deus não estava muito presente nos ensinamentos dos
fariseus e rabinos, ao contrário dos cristãos, que, confessando em Jesus o
Messias de Israel, reconhecem as suas atividades como instauração do Reino de
Deus, que se aproxima. O próprio Jesus fala da salvação divina, já se
realizando, pois, para Ele, o “hoje” e o “futuro”, embora distintos, estão
essencialmente interligados.
Por
outro lado, o fato de os pagãos aderirem ao Evangelho é interpretado pelos
cristãos como sinal da ação do Messias, reunindo todos os povos numa só fé. Nesse
sentido, as parábolas, como a parábola da rede, atestam que foi concedido à
humanidade inteira um objetivo a ser atingido, graças a um movimento livre e
pessoal para Deus. Assim, a pesca no lago lembra a rede de arrastão, que
recolhe todos os tipos de peixes: os bons são colocados nos cestos e os que não
eram comestíveis ou considerados impuros pelos judeus observantes, por não terem
escamas, são lançados fora.
O
objetivo de Jesus não é descrever sistemas apocalípticos, mas realçar a
importância de viver bem o momento presente. O Reino de Deus se estabelece pela
força do amor, visando ao bem da humanidade, na certeza de que, por trás das
imagens da parábola, Jesus alimenta a esperança de que sempre podemos retornar
a Deus e nos reconciliar com o Pai. Nesse sentido, S. Agostinho diz que “a rede
é a Igreja, que reúne bons e maus, santos e pecadores e que, no tempo presente,
convoca todos, em termos de amor e de misericórdia, a se orientarem segundo a
mensagem do Senhor, Rei de justiça e de paz. A missão da Igreja é introduzi-los
na comunhão eterna de Deus”. É o fim bom de todas as coisas; que já presente,
de modo definitivo, na história da humanidade, se efetiva graças ao perdão
misericordioso de Deus, que reinará “acima de tudo”.
Dom Fernando Antônio figueiredo, OFM
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