Reflexão do Evangelho de segunda-feira 11 de julho





Reflexão do Evangelho de segunda-feira 11 de julho
Mt 10, 34-11,1 - Jesus causa divisões
      
       Pasmos, ouvimos as palavras de Jesus: “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada”. Na realidade, Jesus leva uma vida itinerante, não vagueando pelo mundo ao léu, sem saber o que o aguardava. Com objetivos claros, segue um desígnio e, de modo lúcido, em perfeita comunhão com o Pai, Ele quer realizá-lo. A firmeza das palavras e a clareza de seus ensinamentos mostram a vontade de cumprir uma missão, anunciada como presença eficaz da misericórdia divina. Mensagem que fascinava seus seguidores, e os deixava, ao mesmo tempo, inquietos, pois prenunciava, igualmente, salvação e juízo: a alusão à espada de duplo fio significa a separação entre os que acolhem e os que rejeitam o Reino de Deus, que está chegando. 
Assim, as palavras de Jesus assustam e enchem de medo os discípulos, pois aquela é a hora de uma decisão, cada vez mais manifestada, e da qual não se pode escapar. Ao dizer que não veio trazer paz, mas espada, Jesus declara que a sua mensagem e os seus ensinamentos não permitem delongas; urgem uma decisão, vivida em amor ao Pai e em serviço aos homens. Porém, respeitando a real liberdade de cada um, o Mestre não força, simplesmente, espera que seus seguidores cortem as amarras da escravidão do pecado e, livres, o sigam, tendo-o como o enviado de Deus, aquele que convive misericordiosamente com os pecadores e lhes oferece o perdão.    
        Impressionava a todos o tom incisivo de suas palavras, que expressavam a abolição do desejo de dominação sobre os outros e anunciavam a chegada do novo Reino de serviço mútuo. Jesus não condenava ninguém. Mas deixava aos discípulos a liberdade de, a partir do seu ensinamento, segui-lo ou não: “Se alguém quer me seguir deve renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir-me”. Essa prontidão em segui-lo exige escolha e permite compreender o fato de Ele falar da renúncia aos pais e familiares.
Nesse sentido, exclama S. Agostinho: “Eu vos amo em Cristo, mas não vos amo em lugar de Cristo. Sede comigo nele, mas não eu convosco sem Ele”. Para Agostinho, o amor em Cristo tem uma função mediadora: no reconhecimento do valor universal da morte redentora de Cristo, o coração do discípulo se abre à comunhão e ao diálogo com outros modos de ver e de conceber a vida: ele se torna oferta de salvação. Ao contrário, aquele que se coloca numa perspectiva, única e absoluta, se fecha a todo tipo de diálogo, e cria divisão, fruto da estreiteza de compreensão e da rejeição de todos os que não pensam e não vivem como ele. Soam, então, profeticamente as palavras do Apocalipse: “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem! ’. Que aquele que ouve diga também: ‘Vem! ’. Que o sedento venha, e quem o deseja, receba gratuitamente água da vida” (22,17).

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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