Reflexão do Evangelho de quarta-feira 27 de julho
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 27 de julho
Mt 13,
44-46 - As parábolas do tesouro e da pérola
O Reino de Deus e o mundo novo que há de
vir inauguram-se com a pregação de Jesus, que reúne ao seu redor os que se
convertem e vivem a Lei nova do amor e da misericórdia. Essa mensagem é
anunciada a todos e não conhece privilégios. Dirigindo-se às pessoas simples da
Galileia, Jesus destaca que mesmo as realidades frágeis e precárias desta terra
adquirem um novo sentido à luz do mistério de sua encarnação, pela qual
reconhecemos que Ele se tornou um de nós, para que nós nele nos tornemos o que
Ele é.
Em
outras palavras, todos os homens podem alcançar a bem-aventurança da Terra
Prometida do Reino de Deus, comparado por Jesus a um tesouro enterrado, descoberto
de modo fortuito. Quem o encontra, com alegria, vai e vende tudo o que possui
para comprar o campo. O mesmo acontece com o negociante que, “ao achar uma
pérola de grande valor, vai e vende tudo o que possui e a compra”. A pérola é
reconhecida pelo seu valor, beleza e perfeição. Em outras palavras, o Reino de
Deus é o tesouro ou a pérola, cujo preço é inacessível e supera toda riqueza
material.
Dom
precioso, o Reino de Deus nos atrai e, ao mesmo tempo, nos impede de identificá-lo
totalmente com o mundo material, pois graças a ele, exclama Pascal, “o homem
ultrapassa infinitamente o homem”. Por conseguinte, nenhum condicionamento
meramente humano pode contê-lo, nem defini-lo. Mas, embora ele seja uma dádiva
divina, Deus não dispensa jamais a cooperação humana, como evidenciam as
palavras de Jesus, dirigidas ao paralítico, antes de curá-lo: “Tua fé te salvou”.
Portanto, o Reino não é apenas
iniciativa de Deus (ex opere operato),
independente da ação do homem, pois Deus, em seu amor, espera a resposta livre
do amado, como se tudo dependesse da sua decisão. Neste sentido, a parábola
contada por Jesus pressupõe esforço e sacrifício daquele que encontrou o
tesouro: ele vai e vende tudo o que possui para comprar o campo, onde se encontra
o tesouro. Assim, também os discípulos devem estar prontos a atender ao convite
do Senhor: vender tudo, isto é, despojar-se do pecado, dos vícios e das paixões
desordenadas para alcançar o Reino de Deus. Sua colaboração é essencial. O
mesmo se diga da oração, que jamais poderá ser compreendida como total passividade;
ela é tensão interior, abertura do espírito humano para receber o Espírito
divino, que conduz aquele que ora ao coração mesmo do mistério de Deus. Por
isso, animando-nos, diz admiravelmente S. João Crisóstomo: “Participai do
banquete da fé, acolhei todos vós as riquezas da misericórdia”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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