Reflexão do Evangelho de sábado 23 de julho
Reflexão
do Evangelho de sábado 23 de julho
Mt 13,
24-30 - Semente boa e má
Às voltas com a discussão sobre o fim dos
tempos, os fariseus indagam Jesus sobre o Reino de Deus. Diz Ele: “O Reino de
Deus não vem de maneira visível, não se pode dizer: ‘Ei-lo aqui’, ou ‘ei-lo
ali’, porque o Reino de Deus está próximo, está dentro de vós”. E conta-lhes,
então, uma parábola: “O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa
semente no seu campo” e quer ele durma, quer esteja acordado, de noite e de
dia, a semente germina e cresce. Mas “enquanto dormiam, veio o inimigo e semeou
o joio no meio do trigo e foi-se embora”.
É
a parábola do joio. O semeador é o próprio Jesus, que se apresenta como
representante do Reino e do juízo divino (v.40), e também como o senhor da
colheita (v.41). Para S. Agostinho o campo é o mundo ou a Igreja, na qual
convivem santos e pecadores, chamados a crescer e a se converter, graças à ação
misericordiosa de um Deus, insuperável em longanimidade. Na parábola, Jesus
oferece aos ouvintes a possibilidade de acolher ou não, em sua pessoa, o Reino
de Deus; se a resposta for positiva, eles terão de atender à exigência de uma mudança
em seu próprio modo de viver. Os que pertencem ao Reino de Deus são
representados pelos que recebem a boa semente e darão bom fruto; os que não
acolhem a mensagem da salvação são representados pelo joio, e são designados
como filhos do Maligno.
S.
Agostinho observa que “no campo do Senhor, isto é, na Igreja, quem era trigo
por vezes se transforma em erva daninha e os que eram erva daninha se
transformam em trigo. A separação cabe ao pai de família, que conhece todos e
sabe aguardar o tempo da separação”. Embora, respeite a decisão final do homem,
que corresponde às opções feitas por ele no percurso da vida, Deus oferece-lhe
caminhos novos de renovação e de regeneração: sempre há, em seu perdão
misericordioso, um novo modo de ser e uma nova esperança, em cada instante da
vida.
No final, a vitória é de Cristo, luz de
todo homem, inclusive daqueles que, não o conhecendo, vivem segundo uma
consciência reta e justa. O importante é esforçar-se para promover a justiça e a
paz, “numa ascensão dinâmica de amor, no dizer de Orígenes, que jamais terá fim”,
pois o ser de Deus é inesgotável: nele, o ser humano estará sempre descobrindo
novas possibilidades de união no amor. Trata-se do movimento dinâmico, que
caracteriza a verdadeira nova criação, em Cristo; a boa semente não cessa de
desabrochar, pois tudo se renova e o coração humano, guiado pelo amor e pela
misericórdia, abre-se à vida de unidade na Trindade.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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