Reflexão do Evangelho de quarta-feira 20 de julho
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 20 de julho
Mt 13,1-9
- Parábola do semeador
Aos olhos de Jesus, estende-se uma
larga e fértil planície, cheia de luz e de vida, terra pródiga, que acolhe a
semente lançada por um zeloso semeador. Não longe, via-se o mar. “Saindo de
casa, segundo o evangelista, Ele sentou-se” para ensinar a multidão que o ouvia
atentamente. Mais tarde, muitos reconhecerão nesta passagem uma alusão ao fato
de Jesus ter saído de junto de Deus para vir ao mundo anunciar a boa nova da
misericórdia e do amor.
Através de pequenas histórias, extraídas da natureza e da
vida cotidiana, as parábolas, Jesus transmite a sua doutrina. Assim, acompanhando
os passos do semeador, em seu afã de lançar em terra a semente, Ele observa que
elas não encontrarão o mesmo destino, pois os frutos dependem da qualidade de
cada terreno. Andando passo a passo, o semeador deixa cair “uma parte à beira
do caminho”, terreno “pisado pelos pés de todos”. As sementes não o penetram,
mas tornam-se alimento dos pássaros, que as levam e as devoram. Outra parte, “cai
em lugares pedregosos”, onde há pouca terra, os grãos germinam, mas são
incapazes de dar frutos. Por não possuírem raízes, logo secam. S. Cirilo de
Alexandria as compara “a uma fé superficial, evanescente, que logo sucumbe à
tribulação ou à perseguição”. Outras caíram entre os espinhos, que representam,
segundo S. Jerônimo, “os corações dos que se tornam escravos dos prazeres e dos
cuidados deste mundo”. As sementes são sufocadas e não resistem.
Finalmente,
há os grãos que caíram em terra boa e deram frutos, superando as expectativas,
pois o rendimento é vertiginoso, sinal do triunfo final do Reino: trinta por
um, sessenta ou mesmo cem por um. Se o campo, onde é lançada a semente,
representa a vida de cada pessoa e a sociedade humana, que se revestem de
múltiplas formas, os frutos dependem de quem “ouve a Palavra e a realiza”. Assim,
quem acolhe a Palavra produzirá abundantes frutos de justiça, paz, solidariedade
e misericórdia. Então, guiado por uma força interior, ele alcançará a
integridade de natureza na unidade de si mesmo. No entanto, aquele que se fecha à Palavra
permanecerá surdo e incapaz de entender e viver o Evangelho da paz e do perdão;
não perceberá a mensagem de Jesus como uma oferta de salvação e um convite para
a harmoniosa expansão de sua natureza humana, como sujeito de cultura, de
valores e de virtude.
Por ser provocadora, a parábola não
admite uma atitude neutra diante dela. Por isso, de modo forte, solene e
conciso, Jesus conclui suas palavras, lançando um apelo: “Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça”. S. João Crisóstomo comenta: “Não tem culpa, nem o lavrador, nem a
semente, mas a terra que a recebe, e mesmo assim não por causa da natureza, mas
por força da intenção e da disposição”. Pois Deus não força; seu poder se
expressa no amor que deseja a liberdade de seus filhos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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