Reflexão do Evangelho de sexta-feira 15 de julho





Reflexão do Evangelho de sexta-feira 15 de julho
Mt 12,1-8 - A colheita das espigas


 O Sábado encerra o ritmo sacro da semana com um dia de encontro cultual e de repouso para todos, escravos e livres. Particularmente, é um dia reservado à oração e à meditação, alimentos necessários à alma; também, é ocasião para celebrar a bondade de Deus e a grandeza de sua obra criadora. Mas havia os que o interpretavam de modo muito estrito, e exigiam a sua observância com todo rigor. São os escribas e fariseus, que ficaram escandalizados quando viram os discípulos de Jesus, movidos pela fome, colherem umas espigas de milho para comer, o que não era estranho aos costumes da época, não, porém, em dia de sábado.   
Os fariseus não consideraram o comportamento dos discípulos como consequência de uma necessidade premente, fato que justificaria a ação deles, mas responsabilizaram o Mestre, questionando sua autoridade para dispensá-los das obrigações legais, aceitas por todos. Em resposta, Jesus os envia a Davi, que, num dia em que teve fome, ele e seus companheiros entraram na casa de Deus e comeram os pães da proposição, direito que cabia unicamente aos sacerdotes. Trata-se agora do Filho do Homem, que censura o rigorismo exagerado dos fariseus e lembra que o sábado não é para ser visto como uma lei arbitrária e tirânica, mas como um dia da semana que proclama e recorda a todos a disposição benevolente de Deus para proteger o homem em sua vida e em seu trabalho.
 Jesus não incita a trabalhar no sábado; quer apenas fazê-los compreender que o sábado jamais exclui as obras de caridade e os atos de misericórdia para com o próximo. Sua crítica não se dirige contra a Lei, mas contra as obrigações formais e as prescrições jurídicas, que se distanciaram de seu sentido religioso e se tornaram pesados fardos colocados sobre os ombros do povo. Por isso, como profeta que busca o bem da humanidade, Ele se volta para os fariseus, que hostilizam os discípulos, e afirma: “No dia de sábado é permitido fazer o bem”. Pouco antes, Ele havia dito: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”, suscitando a ideia de que todos aqueles que têm a Lei de Deus no coração agem com misericórdia, inclusive no sábado. Porém, os escribas e fariseus permanecem irredutíveis.
Logo em seguida, sem se perturbar, Jesus entra na sinagoga, centro de influência dos fariseus, e cura a mão atrofiada de um homem, lançando um desafio: “Será permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar ou tirar uma vida? ”. Assim, eles são novamente convidados, destaca S. Cirilo de Alexandria, “à prática das obras de misericórdia que Deus espera de todos nós”. Sem desprezar o antigo edifício, o Senhor constrói um novo, no qual presidem a caridade, a fé e a atitude espiritual interior, manifestada no “fazer o bem”; ora, o muro erguido por eles, em redor da Lei, os impede de “ajudar um homem infeliz”, obra sabática por excelência.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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