Reflexão do Evangelho de quarta-feira 06 de julho e quinta-feira 07 de julho
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 06 de julho e quinta-feira 07 de julho
Mt 10,
1-15 - A missão dos Doze
Um dia, Jesus participava de uma festa de
casamento e, alertado por sua mãe, percebe o constrangimento do dono da casa.
Tinha acabado o vinho, e para que o organizador da festa não se envergonhasse,
Ele manifesta, pela primeira vez, o seu poder. O fato impressiona vivamente seus
discípulos, que tinham deixado as redes para segui-lo. Mais tarde, Jesus
escolhe dentre eles doze Apóstolos e os “envia a proclamar o Reino de Deus e a
curar”. Com ênfase, recomenda-lhes que nada levem consigo, pois Ele os quer
livres de todo apego aos bens materiais e de toda preocupação em obter posses
terrenas. A partir daquele dia, eles viverão desapegados de tudo, sem
preocupações como os pássaros do céu.
No
entanto, nas areias áridas do desprendimento e da renúncia, suspirando por um
refrigério, eles vislumbram no horizonte, num oásis de paz, o vulto do Senhor,
que os proverá. “A glória deles, reflete S. Cirilo de Alexandria, não é a de não
possuírem nada, mas a de se colocarem nas mãos divinas”. A renúncia alcança
então seu sentido original de adesão pessoal e profunda a Deus, o que lhes
permite contemplar, no cumprimento da missão confiada pelo Senhor, a aurora da
alegria sobrenatural. Neles, o antigo ideal dos “pobres de Deus” (anawim) se
perpetua e eles se assemelham Àquele que lhes “ordena dar gratuitamente o que
gratuitamente tinham recebido”.
Ao mandato de dar gratuitamente
corresponde a ordem de evangelizar, fruto não de um capricho, mas do amor,
“energia divina”, que os inflama sem cessar na oferenda total da vida a Deus e
aos irmãos. O verdadeiro milagre não foi o que eles testemunharam na festa de
bodas, mas é aquele que se realiza em seus corações, pela presença da força
criadora e vivificadora do Espírito divino: eles nasceram de novo e, reconhecendo-se
amados por Deus, alegres e felizes, respondem ao amor com amor. Mais tarde, S.
João Clímaco exclama: “Tu feriste minha alma, ó Amor, e meu coração não pode
suportar tuas chamas. Avanço, louvando-te”.
Tomando-os
à parte, Jesus, homem do seu tempo e do seu povo, confia aos Apóstolos sua
missão terrestre, enviando-os “às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Dentro
dessa limitação, Ele exprime a universalidade de uma missão, que eles iriam
realizar em seu nome: Ele agiria neles e por meio deles. A ovelha desgarrada, e
que está longe do rebanho, deve ser procurada para unir todo o povo sob um
único Pastor. Experiência misteriosa e única, vitória da bondade e da
misericórdia sobre a maldade e o espírito que divide e exclui. Assim como Ele
foi enviado para salvar os pecadores e agregar os excluídos, também seus discípulos
seriam pregadores ambulantes, sem permanência fixa, imitando-o na doação
gratuita de sua vida ao Pai e aos irmãos, e comunicando a paz aos que fossem
dignos dela.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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