Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 27 de outubro



Reflexão do Evangelho
Quinta-feira, 27 de outubro
Lc 13, 31-35 - Herodes, uma raposa

   
     Apesar de alguns fariseus terem alertado que Herodes queria matá-lo, Jesus, destemidamente, se opõe ao tirano e se mantém firme no curso de sua missão. Suas palavras assemelham-se a um apelo profético: “Ide dizer a esta raposa: Eis que eu expulso demônios e realizo curas hoje e amanhã e no terceiro dia vou terminar! ”. Num ligeiro toque de provocação, Jesus o chama de raposa, sugerindo ser ele astuto, destrutivo, falto de dignidade e de respeito. Porém, seguro e sem titubear, como um nômade, Ele se põe decididamente a caminho de Jerusalém, subida que terá como desfecho sua morte na cruz do Calvário, quando inaugurará um caminho novo “para a vida”. Ao seu redor, adensavam-se a hostilidade e a incompreensão, levando-o a reiterar, com clareza: “Devo seguir o meu caminho, pois não convém que um profeta pereça fora de Jerusalém”.
     Do alto de uma colina, antes de entrar na cidade, Jesus contempla Jerusalém e, antevendo o descaso de seus adversários, declara: “Eis que a vossa casa ficará abandonada”. De fato, alguns anos mais tarde, a cidade ficará deserta, cessarão os sacrifícios, o Templo será destruído. Com a voz embargada de comoção e carinho, Ele exclama: “Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos como a galinha recolhe os seus pintainhos debaixo das asas, mas não quiseste! ”. S. Cirilo de Alexandria lembra aos “filhos” de Jerusalém, “quão esquecidos eles estavam dos dons de Deus, pois se mantiveram teimosos e indolentes perante tudo quanto podia ter sido vantagem para eles”.  
     Consciente do que iria ocorrer com Ele, Jesus profetiza que sua missão chegará ao término, num breve espaço de tempo: “hoje e amanhã e no terceiro dia”. Assim, ao empregar o verbo terminar (teleioumai), o Evangelista ressalta o fato de a missão do Mestre ter chegado, por ação divina (voz passiva), à sua consumação e perfeição. À tradição profética se ligam as promessas proferidas pelo profeta Oseias (6,2) para o “terceiro dia”, dia de reconciliação com Deus, em que o pecado é reparado e a morte é abolida, dia em que a vida eterna do próprio Criador é comunicada à criatura.
Se a resistência das autoridades judaicas é grande, a história do inefável amor de Deus alcança o seu auge e um raio de esperança já brilha no horizonte, expresso nas palavras que Jesus lhes dirige: “Sim, eu vos digo, não me vereis até o dia em que direis: ‘Bendito aquele que vem em nome do Senhor! ’”. Colocados perante Jesus, tendo em suas mãos o cajado de peregrinos, todos hão de retornar à origem de sua coparticipação no estado de criatura: é a realização da Páscoa, do Êxodo, caminho para a Pátria comum.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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