Reflexão do Evangelho do dia 10 de Agosto de 2013


Sábado – 10 de agosto

Jo 12, 24-26: Se o grão de trigo não cai na terra

         

          Aproxima-se o momento doloroso de sua paixão e morte. Os ânimos instáveis dos inimigos se acirram contra Jesus, que se declara o Filho de Deus. De suas palavras emerge, misteriosa e misticamente, a realidade luminosa e permanente da sua missão de Messias. Suas obras refletem a luz e a glória do Pai, que nele se manifestam, despertando nos discípulos a certeza de que o amor é mais forte que a morte, e que escolher o bem, por mais aparente e insignificante que seja, significa impulsionar a história e celebrar a vida.    

          O otimismo dos Apóstolos cresce, ainda mais, ao verem o triunfo da entrada de Jesus em Jerusalém. Porém, ele os leva à realidade, referindo-se ao grão de trigo, lançado em terra: “Se ele não morrer, permanecerá só; mas se morrer produzirá muito fruto”. A hora de sua glorificação é também a hora de sua paixão, pois essa se reveste de morte e vida, de vida na morte, porque Redenção é passar da morte para a vida. É a dinâmica do amor agápico, que renova e ilumina, deixando transparecer, sob a figura humana, a beleza da vida divina.  

          Em Jesus, dá-se o nascimento, melhor, o renascimento da humanidade a caminho de sua realização em Deus, contanto que seus seguidores sigam a “lei do grão de trigo”, formulada nas palavras: “Quem ama sua alma perde-a, e quem odeia sua alma neste mundo guarda-a para a vida eterna”. Por alma compreende-se a vida física e material, e, pela expressão “odiar”, ele urge os discípulos para que eles não atribuam valor supremo e absoluto à vida terrena.

        Com a morte do grão, surge a verdadeira vida e cada um, seguindo o caminho da cruz, pode tirar o pó e a sujeira, que tornam irreconhecíveis nele a imagem de Deus. Então, a pouco e pouco ele se reconhece o próximo dos outros, criado à imagem de Deus, e nele resplandece Cristo, a imagem perfeita do Pai, segundo a qual ele foi criado. Realizam-se em seu coração as palavras do Apóstolo S. Paulo: “Já não vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20) e, seguindo os passos do Mestre, ele será purificado das manchas do erro, do mal e do pecado. Certamente, o grão de trigo morreu e produziu frutos de vida eterna.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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