Reflexão do Evangelho do dia 22 de Agosto de 2013
Quinta-feira – 22 de agosto
Lc 1, 26-38: Anunciação do Senhor
No anúncio do nascimento
de Jesus, Maria encontrava-se em oração quando o arcanjo Gabriel, que significa
“fortaleza de Deus”, aparece-lhe e diz-lhe: “Alegra-te, cheia de graça”. A Tradição, desde o amanhecer da Igreja, tem
sublinhado o paralelo entre a Virgem Maria e Eva, “mãe de todos os viventes”,
entre o “fiat”, o faça-se da anunciação, e a desobediência, causa decisiva do “pecado
original”.
Tal paralelismo,
acentuado pela Tradição antiga, também pelos comentadores contemporâneos,
mostra que, longe de ser artificial, oferece ao acontecimento um alcance
absolutamente universal. Observa S. Beda: “Como Eva trouxe no seio toda a
humanidade condenada ao pecado, agora Maria traz no seu seio o novo Adão que,
com a sua graça, dará vida a uma nova humanidade”. Aquele que nasce de Maria é um
dentre nós, capaz de englobar todos nós, incluindo todas as possibilidades de
nossa humanidade, sem excluir nada de cada um, a não ser o pecado. Ousamos
dizer que Ele não podia fazer-se homem, senão nascendo da Virgem Maria como
herdeira da história da salvação.
Por
isso, se houve uma origem com o casal Adão e Eva, agora, no princípio da nova
criação, também há uma mulher e um homem, José, indicado como sendo “da
linhagem”, mas também “da casa de Davi”, fato que atesta o cumprimento das
profecias e proclama que Jesus é o Messias esperado e anunciado pelos profetas.
É a coroação de todas as profecias, que se torna ainda mais vigorosa, pois, ao dizer
que “o anjo Gabriel foi enviado por Deus”, acentua-se que a iniciativa vem do
alto, do Deus Altíssimo. É a realização do mistério supremo da fé cristã,
porque Aquele que nasce da Virgem Maria é o Messias Salvador, que, por sua
natureza, é humano e divino.
A saudação inicial: “Ave,
cheia de graça” tem todo um sentido espiritual, pois se Maria é efetivamente
“cumulada de graça”, este dom não provém dela, nem de seus méritos, mas de Deus
e de sua suprema benevolência para com ela. Por graça divina, Maria é concebida
sem pecado original, tornando-se como que o Templo ou a morada (shekinah) da
glória de Deus, pois dela nascerá Aquele que será chamado Jesus (Yoshua, que
significa “Yah é Salvador”), o Filho do Altíssimo e seu “Reino não terá fim”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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