Reflexão do Evangelho do dia 31 de Agosto de 2013
Sábado – 31 de agosto
Mt 25, 14-30: Parábola dos talentos
A
parábola dos talentos mostra que estar preparado para a “parusia” é fazer bom
uso dos dons concedidos por Deus. Visando elucidá-la, Jesus fala de um homem, de
nobre origem, que viaja para longe e distribui, a cada um dos seus servos, uma determinada
quantia de bens, que eles deverão restituir com lucro. Sem dúvida, ela reflete
também a confiança depositada pelo proprietário nos servos, aos quais ele
confia o seu dinheiro. A cada um segundo a sua capacidade.
A
exigência de produzir frutos leva-nos a compreender, por um lado, a existência
em nós da capacidade de atingir horizontes sempre mais amplos e, por outro
lado, a ação da graça divina que não nos há de faltar. Assim, para os que
acolhem os dons e os põe em prática, abre-se o luminoso panorama de uma vida
sempre mais plena. Sem olvidar que muito será exigido de quem muito recebe, e a
quem pouco é dado, pouco se há de exigir, pois o importante é administrar com
fidelidade os dons recebidos.
No
relato, transparece a grandeza e a delicadeza do amor divino. Porque sem
ofuscar a beleza da mensagem evangélica, os dons recebidos tornam-se força
capaz de fecundar nossa vida humana em todos os seus aspectos e em todo o seu
agir, não para nos oprimir, mas para aperfeiçoar-nos, elevando-nos a uma
síntese nova, elevada, enriquecida, fazendo-nos abeirar sempre mais do divino.
Diria S. Boaventura: “O dom de Deus, se ele for acolhido, torna o homem mestre
dele e do universo. A criação não será um oceano de passividade. Ela é Deus
infinitamente fecundo, engendrando filhos que conduzem a ele a criação inteira
e a humanidade da qual eles não são só pedras inanimadas, mas membros vivos” (Etienne
Gilson, la Philosophie de saint Bonaventure).
As
palavras finais do proprietário refletem o sentido escatológico do encontro com
o Mestre: “Vem regozijar-te com teu senhor”. Diante desta promessa do Senhor, Hugo de S. Vitor
observa: “Há três espécies de alegria: a alegria do mundo, tua própria alegria
e a alegria do teu Senhor. A primeira vem da opulência terrestre, a segunda de
uma boa consciência e a terceira se realiza na experiência da eternidade. Não
saias, pois, para ir à alegria do mundo, não permaneças confinado em tua
alegria, mas entra na alegria do teu Senhor”. De fato, realiza-se o princípio-chave
da compreensão cristã do homem: “gratia supponit et perficit naturam”, pois a
natureza, aperfeiçoada pela graça, cruza o portal da esperança no encontro com
o seu Senhor. Não há justaposição de duas realidades, mas sim a realização da
natureza, que atinge a sua perfeição, pelo dom da graça.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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