Reflexão do Evangelho do dia 16 de Agosto de 2013


Sexta-feira – 16 de agosto

Mc 10, 1-12: Perguntas sobre o divórcio
           

          Acalorada era a discussão entre os rabinos sobre o motivo que legitimava o repúdio da própria mulher. A questão girava ao redor das determinações do Deuteronômio, cujas expressões eram pouco precisas. Para testar Jesus, os fariseus lhe perguntam: “É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja?” Os mais rígidos, escola de Shammai, interpretavam o texto bíblico em seu sentido estrito: só em caso de uma conduta deveras desonrante. Ou em sentido mais amplo, escola de Hillel, segundo a qual se podia repudiar a mulher por não importa qual motivo. A pergunta é capciosa e visa colocar Jesus à prova.

          Ciente do que se passa no coração de seus ouvintes, o Senhor situa a questão no quadro dos desígnios do Pai. Sem negar a Lei, é necessário superá-la não se deixando limitar por ela. Com sabedoria, Jesus põe em evidência o gesto inicial da criação do universo: o amor de Deus. No “princípio, Deus os fez homem e mulher”. Princípio não temporal, mas sim absoluto e eterno, que indica nossa eleição em Deus e nos remete aos desígnios eternos do Pai, que nos chama a ser imagem da própria Trindade, unidade perfeita no amor.

          Através dos tempos e das civilizações, a marca indelével de Deus permanece em nós, não menos presente que a natureza humana saída das mãos de Deus. Nada poderá destruí-la, nem mesmo o pecado, embora ele nos torne dessemelhantes a Deus. A imagem, porém, jamais a perdemos. Sendo amor, escreve S. Gregório de Nissa, “Deus colocou também esta marca em nosso coração”. Desde a criação, fomos iniciados na comunhão do amor divino para vivê-lo e testemunhá-lo.

Ao amor infinito e gratuito de Deus, respondemos com nossa fidelidade e doação generosa. Misterioso e amoroso horizonte, que nos permite compreender as palavras de Jesus: “O que Deus uniu o homem não separe”.  Portanto, o matrimônio é sinal sagrado do amor de Deus e, desde o início da era cristã, ele se realiza na Igreja, diante do seu ministro: “in facie ecclesiae”. Em sua carta a S. Policarpo, S. Inácio de Antioquia declara: “Convém que os homens e as mulheres que se casam, contratem sua união com o parecer do Bispo, a fim de que seu matrimônio se realize diante do Senhor”. S. Inácio reconhece que o matrimônio, instituição natural, foi enobrecido e elevado por Jesus à dignidade de sacramento. Certamente, estão presentes a ele as palavras do Apóstolo S. Paulo, que se refere ao matrimônio como imagem da união mística de Cristo com a Igreja, sua esposa (Ef.5).
 
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
 

 

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