Reflexão do Evangelho do dia 27 e 28 de Agosto de 2013
Terça-feira – 27 e quarta-feira - 28 de agosto
Mt 23, 23-32: Ressurreição dos mortos
Uma das questões essenciais, colocada
à vida humana, é justamente a que se refere à morte. Os saduceus, atendo-se ao
Pentateuco, encontravam motivos para negar a Ressurreição dos mortos. O nome
saduceu significa “justo” e, por motivo piedoso, “eles afirmam não servirem a
Deus na esperança de uma recompensa” (S..Efrem). Querem amar a Deus na pureza
do amor, não presos a uma recompensa. Consequentemente, a vida limitava-se,
para eles, à realidade humana. Não concebiam nada além do que seus olhos podiam
constatar.
Jesus rejeita de modo enfático tais
afirmações, dizendo estarem eles “no erro” e “não conhecerem as Escrituras”,
pois estas revelam, desde o começo, o poder do espírito, sopro vital, que
impregna a pessoa em todas as suas ações. O espírito, sinal “dinâmico” de vida,
foi-nos comunicado como força interior para caminharmos em direção ao infinito,
graças à criatividade no pensar e no agir.
Se o poder de Deus não se limita à
vida terrena, a vida ressuscitada não consiste no simples retorno a esta vida.
Ela é “transfiguração”, irradiação eterna da luz de Deus, antevista pelos
Apóstolos no alto do monte Tabor. A vida para além da morte é encontro de amor,
participação da vida eterna, vida plena, que nos é comunicada pelo Espírito
Santo. Jesus mostra-nos que a morte é superada pela nossa eternidade feliz em
Deus. Desde já, lançamo-nos no desconhecido e percorremos a senda do ilimitado,
doando-nos na ternura e no ardor da gratuidade, como bem observa S. Leão Magno:
“No Tabor, ele fundava a fé da Santa Igreja, para que ela, Corpo total de
Cristo, saiba de qual feliz transformação ela será gratificada, e aos seus
membros se dá a esperança de fazer parte da honra que resplandece no
Senhor”.
Ao seu tempo, ensinava S. Agostinho: “Tua
fé fala dessas coisas, para que tua esperança não fique frustrada, embora tua
caridade ainda deva esperar”. Medos e temores são absorvidos pela fé e pela confiança,
cujo fundamento é a Ressurreição de Jesus, pois “a exemplo de nosso Mestre, é
necessário confessar que há uma verdadeira ressurreição da carne para todos os
mortos” (Concílio de Toledo). Com Orígenes suplicamos ao Senhor: “Que eu possa
ver além do que me é permitido por meus olhos corporais. Estejam eles abertos
ao que se refere, não só ao presente, mas também ao que há de vir”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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