Reflexão do Evangelho do dia 26 de Agosto de 2013
Segunda-feira – 26 de agosto
Mt 23, 13-22: Ai de vós escribas
hipócritas
As prescrições da Lei orientam-se,
normalmente, para a prática da caridade, beneficiando, particularmente, aquele
que as realiza. Tal insistência já está presente nos profetas, que declaram ser
fundamental a atitude interior, para que as ações do homem sejam, de fato,
sacrifícios puros e agradáveis a Deus. O fruto da generosidade, característica
de uma vida segundo Deus, é a alegria interior, denominada de alegria perfeita
por S. Francisco de Assis. Jesus reporta-se, muitas vezes, aos profetas para
que seus ouvintes compreendam seus ensinamentos e possam forjar um espírito
sereno e equânime em sua caminhada humilde para Deus. Ora, os escribas e
fariseus também a eles se referem, sem, no entanto, traduzi-los em suas vidas,
pelo que são chamados por Jesus de cegos e hipócritas. Seu apelo torna-se mais
vigoroso, quando Ele o estende aos que o criticam, pois, no dizer de S. Cirilo
de Alexandria, “ele quer levar todos à prática de julgar, reta e
impecavelmente, seus semelhantes sem jamais abandonar a misericórdia e a sinceridade”.
Notemos que a palavra hipócrita significa usar
máscara ou, ainda, fazer algo para chamar a atenção dos outros sobre si mesmo. Os
escribas devotavam suas vidas ao estudo da Lei de Deus, movidos pela vaidade de
serem considerados seus únicos e autênticos intérpretes. Às demais pessoas eles
impingiam numerosas exigências e, em seu zelo confuso, perderam a perspectiva
de Deus e de seus propósitos a respeito da Lei, chegando ao extremo de legislar
sobre pequenas e insignificantes coisas. Eles ligavam aos dez mandamentos e aos
preceitos divinos milhares de pequenas regras e regulamentações a serem
cumpridas pelo povo. O Senhor não se cala. Ele os recrimina duramente por
negligenciarem o mais importante: a justiça, o amor a Deus e os cuidados
devidos aos necessitados, fracos e doentes.
A Lei mosaica não é abolida pelo
Senhor. Nem mesmo as tradições particulares. Estas conservam sua importância,
como Ele mesmo observa: “Nelas preparamo-nos para as grandes coisas”. Seu
intuito é, antes, corrigir a perspectiva, para que não se tome o secundário
pelo essencial. Mais tarde, Orígenes fará a distinção entre o sentido literal,
observado pelos fariseus, e o sentido espiritual, ao qual somos constantemente
remetidos pelo Senhor. Exemplificando, Orígenes, ao citar a prescrição de lavar
o interno dos copos, para não se manchar, pergunta: “Estariam eles, com estas
práticas, preparando-se realmente para a purificação do próprio pecado?” As
palavras do Senhor não são propriamente condenatórias, mas são um forte apelo à
conversão e à mudança no modo de pensar, agir e viver.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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