Reflexão do Evangelho do dia 11 de Agosto de 2013
Domingo – 11 de agosto
Lc 12, 35-40: Prontidão para o retorno
do Mestre
O Senhor deseja que todos estejam
espiritualmente preparados para a vinda do Filho do Homem. Para melhor compreender
o seu desejo, Jesus conta a parábola do “retorno do senhor” após a festa de
núpcias. Deus, na figura do esposo, oferece “aos que o esperam” o maior tesouro,
seu Reino de paz e de justiça. Eles, porém, correm o risco de perdê-lo, caso não
se preparem devidamente para a sua vinda. Sob esta ótica, é que a parábola deve
ser interpretada.
A expressão trazer “lâmpadas acesas”, segundo
S. Agostinho, significa manter-se vigilante mediante a prática das boas obras,
e a frase: “ter os rins cingidos”, cuidadosa instrução dada a Moisés e a Aarão
no tocante à Páscoa, para S. Agostinho lembra a imagem da continência,
entendida como disposição virtuosa de quem se orienta de acordo com a reta
razão, não se deixando guiar pelos movimentos impetuosos das paixões. Nesse
sentido, vigilância significa libertar-se do egoísmo e abrir-se ao amor a Deus
e ao próximo, pelo que o cristão, nas palavras de Agostinho, “será recompensado,
pois terá vencido o que a paixão sugeria e terá cumprido o que a caridade
ordenava”.
O discurso escatológico de Jesus sobre
a necessidade de vigiar culmina com uma exigência prática: colocar-se nos
ternos e misericordiosos horizontes de Deus. Portanto, quem é vigilante
deixa-se guiar pelo amor divino, que o coloca, como proclama S. Francisco de
Assis, “no cumprimento da santíssima vontade do Pai”. Ele será, como “luz do
mundo” e “sal da terra”, imensa reserva de silêncio, de paz e de verdadeira
vida para toda a humanidade. Concretiza-se a criação boa e durável da história,
levando-nos a compreender que a salvação, para os que não conheceram a luz
cristã nesta vida, continua a ser presença do mistério da misericórdia divina,
jamais considerada segundo nossas medidas humanas. Objetivamente, a humanidade
inteira participa da luz da Transfiguração de Jesus, mantendo sempre o pressuposto
da liberdade e de uma vida guiada pela reta consciência. Pois, iluminada e
guiada pelo Espírito divino, cada pessoa é chamada a celebrar a vida e, no
abismo da divina sabedoria, viver a vertigem do amor purificador e santificante
do Senhor.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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