Reflexão do Evangelho do dia 21 de Agosto de 2013
Quarta-feira – 21 de agosto
Mt 20, 1-16: Parábola dos
trabalhadores da vinha
Logo no início da parábola dos
trabalhadores da vinha, Jesus se coloca nos horizontes do Reino dos céus, onde
não há lugar para a inveja nem a cobiça. No romper do dia, o próprio Mestre
toma a iniciativa de sair à procura de operários e, indo à praça, faz, por
assim dizer, um contrato com cada um deles, nas diversas horas do dia. A todos,
ele irá pagar a mesma quantia, remetendo-nos, comenta S. Cirilo de Alexandria, “a
Deus que nos confere o mesmo dinheiro, isto é, a graça do Espírito Santo”, pois
a recompensa é fruto da bondade e do amor de Deus, e não é dada segundo o tempo
de serviço. Chega-se, assim, ao objetivo essencial da parábola: reconhecer a
extraordinária generosidade e compaixão de Deus por todas as pessoas, de todos
os tempos.
A ordem dada pelo mestre é inusitada,
pelo fato de ele pagar a mesma importância a todos, mas também por ter começado
pelos últimos, os recém-chegados. Os que tinham sido contratados na primeira
hora e que suportaram o calor do dia estranharam a conduta do mestre e
objetaram o seu modo de agir. Ele demonstra, sem dúvida, ter consciência do que
significava a não existência do trabalho, pois caso não recebessem o pagamento
do dia todo, eles voltariam para casa sem o necessário para o sustento da
família. Mesmo assim, sob o aspecto da justiça distributiva, é compreensível a
reação dos que chegaram à primeira hora, que se julgam lesados ou injustiçados.
Porém, a parábola deixa entrever que eles reclamam não pelo aspecto da justiça,
mas sim por não admitirem os direitos ou o privilégio dos que chegaram à última
hora, o que leva Jesus a perguntar: “Não tenho o direito de fazer o que eu
quero com o que é meu? Ou o teu olho é mau porque eu sou bom?”
Portanto, a mensagem transmitida pelo
Senhor visa levar seus ouvintes à compreensão do mistério da salvação, dom
gratuito de um Deus de inefável generosidade, sempre pronto a conceder a riqueza
de sua graça e comunhão eterna a todos. Ninguém pode se arvorar a ter
privilégios exclusivos, não desejando partilhá-los com os outros. S. Agostinho
compara os da última hora “aos mendigos, fracos, coxos e cegos” e exclama: “venham
os fracos porque os sãos não necessitam de médico, mas sim os enfermos”. Pelo
perdão misericordioso, o Senhor introduz a humanidade no mistério do amor
divino, e a árvore da cruz se torna a árvore da vida, ligando a terra ao
paraíso e unindo diversos povos e nações. Todos são chamados filhos e filhas de
Deus e, trabalhando na mesma vinha, o mundo, recebem o mesmo salário, a
salvação eterna.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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