Reflexão do Evangelho do dia 23 de Agosto de 2013
Sexta-Feira – 23 de agosto
Mt 13, 44-46: As parábolas do tesouro
e da pérola
Um homem encontra um tesouro
enterrado, descoberto de modo fortuito. “Na
sua alegria”, ele vai e vende tudo o que possui para comprar o campo. O mesmo
acontece com o negociante que, “ao achar uma pérola de grande valor, vai e
vende tudo o que possui e a compra”. A pérola se destaca pelo seu valor, beleza
e perfeição. O Reino de Deus é o tesouro, é a pérola preciosa, cujo preço é
inacessível e supera toda riqueza material. Buscado antes de todas as outras
coisas, ele é recebido, desde agora, gratuitamente.
A parábola sugere a ideia de que o
Reino é dado e, portanto, não é um poder atemorizador, diante do qual somos
forçados a nos inclinar, mas ele é um dom. A atitude própria para acolhê-lo é exemplificada
pelas crianças, em sua simplicidade e confiança. Não é a humildade que as torna
merecedores do Reino, mas é ela que as possibilita acolhê-lo. O fato de encontrá-lo
sugere a ideia de procurar não com indolência, mas dedicando suas energias a
essa tarefa, consciente de que não basta o esforço humano. Exige-se a fé. As
palavras de Jesus: “Tua fé te salvou”, mostram que o Reino não se realiza “ex
opere operato”. Ele é a acolhida do poder e da vida de Deus na vida mesma do
homem.
Nas duas parábolas, revela-se o
mistério do amor de Deus (philantropia), sem negar ou diminuir a liberdade
humana, fundada na previsão de seus atos livres. Por isso, destaca-se no relato
a adesão do discípulo e, por conseguinte, a exigência de renúncia. Reconhecendo
a necessidade de semelhante esforço e sacrifício, S. Hilário de Poitiers
observa que “o tesouro estava escondido porque devia ser comprado também o
campo. Com efeito, pelo tesouro no campo se entende Cristo encarnado, que
gratuitamente vem ao nosso encontro. O ensinamento dos Evangelhos é em si
completo. Mas não há outro modo de utilizar e possuir o tesouro no campo, a não
ser pagando com a renúncia, pois não possuímos as riquezas celestiais sem renunciar
ao mundo” do pecado.
Aquele que encontrou o tesouro será
tomado de profunda alegria, que irá impregnar todas as suas atividades, não
deixando de estar também presente no desprendimento e na renúncia. Com efeito, tendo
recebido, pelo bem precioso da fé, o próprio Jesus, tesouro inefável, ele vai e
“na alegria” vende tudo o que possui e compra aquele campo.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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