Reflexão do Evangelho da Terça-feira – 17 de Setembro
Reflexão do Evangelho
da Terça-feira – 17 de Setembro
Lc 7, 11-17:
Ressurreição do filho da viúva de Naim
Qual
é nossa reação diante da dor e dos sofrimentos de nossos semelhantes? Jesus é
tocado, diz-nos o Evangelho, no mais profundo de seu coração e sente compaixão.
De fato, dois cortejos encontram-se, um seguindo o enterro do filho de uma
viúva e outro acompanhando o Senhor. A morte e a vida. O evangelista destaca
aspectos comoventes: o morto é um jovem, filho único de uma viúva. Vendo-a,
Jesus “ficou comovido e disse-lhe: ‘não chores’”. Da sensação ao sentimento,
verdadeira expressão da humanidade de Jesus. Ele é verdadeiramente homem, e
homem de coração. Movido em suas entranhas, Jesus tem piedade daquela mulher.
Mais do que simples compaixão humana, é a imensa ternura de Deus diante da
miséria humana. Manifestação da misericórdia divina. E Jesus a demonstra diante
da multidão, como também diante do cego de Jericó. É a compaixão do Bom
Samaritano, como também do pai diante do filho pródigo. A misericórdia divina toma
a dianteira, antes mesmo que a fé peça o milagre. A respeito disso, escreve S.
Cirilo de Alexandria: “Observa como ele une milagre a milagre. No primeiro
caso, na cura do servo do centurião, ele atende a um convite, mas aqui ele se
avizinha sem ser convidado. Ninguém lhe pediu para trazer à vida o morto, mas
ele o faz por iniciativa própria”.
São Gregório de Nissa
entende que “o Senhor não se limita a assegurar, com as suas palavras, que os
mortos ressurgirão (Jo 11,25s; Mc 12,25s), mas realiza ele mesmo a ressurreição
e opera os seus prodígios partindo das coisas mais próximas, sobre as quais não
se pode nutrir dúvidas”. Neste sentido, continua S. Gregório, “Jesus atesta seu
poder doador de vida quando cura os enfermos atingidos por doenças mortais e ao
despertar uma jovem recém-falecida. Agora, ao restituir à mãe um jovem que era
levado ao sepulcro e, enfim, ao ressuscitar ao terceiro dia o seu próprio corpo
transpassado pelos cravos e pela lança”.
A
ressurreição do filho da viúva revela a realidade divina de Jesus, nosso
Salvador. Ele o ressuscita mediante uma simples palavra: “Jovem, eu te ordeno,
levanta-te!” O verbo levantar-se nos remete à Ressurreição de Jesus (1Cor 15,4;
At 3,15). Igualmente, sugere o fim dos tempos (Lc 20,37) e também a ressurreição
espiritual realizada “pelo despertar” do batismo (Ef 5,14). A ressurreição
física do filho da viúva de Naim anuncia todas as ressurreições que hão de vir,
inclusive a ressurreição da morte para a qual o pecado nos arrasta. Santo
Ambrósio assinala que “mesmo se há pecado grave, do qual não podeis vos lavar
por vós mesmos pelas lágrimas do arrependimento, por vós a Igreja como mãe
chora e intercede por todo filho como a mãe viúva por seus filhos únicos,
sobretudo ao ver seus filhos atraídos para a morte por causa dos vícios
funestos”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário