Reflexão do Evangelho do dia 06 de Setembro de 2013


Sexta-feira – 06 de setembro

Lc 5, 33-39: Discurso sobre o jejum

 

          João Batista e seus discípulos, bem como os seguidores dos fariseus, eram adeptos dos jejuns acompanhados de orações. Acreditavam que assim, renunciando do alimento, distanciavam-se do mundo material e aproximavam-se de Deus. Jesus não era tão rígido em relação a isso. Não via nada de mal que as pessoas celebrassem com banquetes a chegada do Messias e compartilhassem com Ele a alegria de estar em comunhão com o Pai. Para Jesus, mais importante do que os jejuns era a conduta justa e caritativa para com o próximo. Desde o início de Seu ministério, Ele deixou claro que a principal missão era acolher os excluídos, os marginalizados e os pecadores para conduzi-los ao Reino de Deus. São Lucas registrou as seguintes palavras de Jesus em seu Evangelho: “Não vim chamar à conversão os justos, mas sim os pecadores”. E foi assim, na pessoa do Filho de Deus, que o apelo à misericórdia e à bondade, lançado anos antes pelos antigos profetas, tornou-se realidade plena.

          Para explicar aos fariseus porque seus discípulos não jejuavam, Jesus refere-se a si mesmo como “o esposo”, que era como as Escrituras descreviam o Messias: “Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles?” A não obrigatoriedade do jejum era novidade e se opunha às tradições da época. Para Jesus, dividir a mesa com seus seguidores era uma forma de estar mais perto deles. E o inverso também era verdadeiro. Em desafio aos adversários, Jesus lhes pergunta: “Acaso podeis fazer que os amigos do noivo jejuem enquanto o noivo está com eles?” A respeito disso, Santo Hilário disse: “Este fato demonstra a alegria dos discípulos com a presença de Jesus”. De acordo com o Evangelho de São Mateus, as núpcias só se realizarão definitivamente no fim dos tempos, com a volta de Cristo à Terra. É o que se pode concluir de A parábola das dez virgens (Mt 25, 1 -13), que compara o reino dos céus à celebração de um casamento. Mas por que não festejar a passagem do noivo durante os seus três anos de ministério público? Nesse período não se há de jejuar. É tempo de alegria!

          A expressão “amigos do esposo”, que aparece na citação de Lucas, alude ao círculo dos discípulos que acompanham Jesus. O essencial na resposta de Cristo é que o esposo está entre eles, anunciando o tempo messiânico, o tempo das núpcias, o tempo da abundância e da alegria. Ao dizer “virão dias em que o esposo lhes será tirado”, Jesus evoca Sua morte e também Sua ascensão. Depois disso, eles então poderão jejuar.

Logo em seguida, segundo Lucas, Jesus lembra que um remendo com pano novo não assenta bem numa roupa velha, assim como o vinho novo pode arrebentar um odre velho (Lc5, 36-38). São João Crisóstomo entende que Jesus usou essas palavras para mostrar que os discípulos não estavam suficientemente fortes e precisavam de muita condescendência: “Não tinham ainda sido renovados e fortalecidos pelo Espírito Santo”.

São Basílio Magno tem uma interpretação própria para as palavras “então, jejuarão”. Segundo ele, os discípulos praticarão o jejum “para proclamar que suas vidas estão orientadas para as realidades que ultrapassam os bens simplesmente materiais e carnais”.

Visto assim, o jejum simboliza a fome de Deus sentida pelo coração ardente dos cristãos. São Basílio assinala que a vida cristã é marcada pelo desprendimento diante do que é terreno e material. O coração humano só encontra felicidade quando repousa em Deus. Seja pelo jejum, seja pela oração, não é Deus que vem a nós, somos nós que nos avizinhamos mais e mais dele. Façamos nossas as palavras de São Macário, o peregrino: “Senhor, tudo está em ti, e eu mesmo estou em ti, acolhe-me”. 

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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