Reflexão do Evangelho de Quarta-feira - 11 de setembro


Reflexão do Evangelho de Quarta-feira - 11 de setembro
Lc 6, 20-26 - As bem-aventuranças
 
         O evangelista São Mateus narra o fato de Jesus, no alto de uma montanha, como aquele que é maior do que Moisés, ter promulgado a nova Aliança para todos os povos. As mesmas palavras são proferidas por Jesus, agora no Evangelho de São Lucas, logo após descer da montanha. De pé, sinal de seu poder, “erguendo os olhos”, Ele fala a todos os homens de todos os tempos. “E nos corações dos discípulos, salienta São Leão Magno, a mão veloz do Verbo escrevia os decretos da nova Aliança”. São as bem-aventuranças.
 O termo grego “makários” (bem-aventurado), que corresponde a “baruk”, em hebraico, é empregado para expressar paz, felicidade e bênção. No presente relato, o termo é repetido oito vezes para designar o ideal do verdadeiro discípulo de Jesus: sua serenidade no tempo presente e a felicidade eterna na visão de Deus.
         Em suas palavras iniciais, Jesus convida os discípulos a alçarem seus olhos ao céu, no intuito, comenta Orígenes, “de fazê-los elevar seus pensamentos para o alto”. Seu anseio é torná-los felizes nesta terra e, especialmente, conduzi-los à bem-aventurança perfeita do céu, já participada aqui e agora, em meio aos sofrimentos e perseguições. Em suas “Oito homilias sobre as bem-aventuranças”, S. Gregório de Nissa escreve: “A bem-aventurança é a vida pura e sem mistura. Ela é o bem inefável, inconcebível, a inexprimível beleza, o poder que está acima de tudo, o único desejo, a realidade sem declínio, a exaltação sem fim”.
Composição em prosa ritmada, elas estabelecem as condições indispensáveis para participar do reino messiânico e declaram o cumprimento das promessas da aliança feitas por Deus. Por essa razão, elas são consideradas a Carta Magna do cristianismo. As quatro primeiras bem-aventuranças expressam a esperança da restauração do domínio de Deus ou do seu reinado. Os que têm fome e sede de justiça, os pobres em espírito (anawe ruah), serão saciados, e os aflitos, maltratados e abatidos serão consolados. Elas indicam a dependência do discípulo em relação à graça de Deus. As quatro seguintes bem-aventuranças proclamam o amor fiel (hesed) dos que ouvem e observam os ensinamentos do Senhor.
Nelas encontra-se a resposta humana ao amor de Deus, fundamento da salvação e da libertação proclamada por Isaías. São um grito de esperança, pois por elas os discípulos vivem a liberdade interior e experimentam a serenidade, mesmo em meio às injúrias e sofrimentos. A recompensa prometida por Jesus já se realiza: “Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque no céu será grande a vossa recompensa”. É a restauração da criatura humana em sua liberdade fundamental. O discípulo será misericordioso, puro de coração, promotor da paz e, permanecendo unido a Cristo, assemelhar-se-á a ele, em sua humildade e grandeza de espírito. Sua vida proclamará o cumprimento do reinado de Deus, apenas iniciado com a vinda de Jesus.
 
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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