Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 30 de Setembro


Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 30 de Setembro

Lc 9, 46-50: Quem é o maior?

        

         No surgimento da Igreja, o Apóstolo S. Pedro recebe do Senhor diversos sinais de preeminência, o que poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade. Não esqueçamos, observa S. Jerônimo, que os demais “Apóstolos tinham visto que Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo” devido ao Templo. Tiago e João foram escolhidos com Pedro para serem testemunhas da Transfiguração. Eles já o tinham sido da ressurreição da filha de Jairo. Vem, então, muito a propósito a curiosidade dos discípulos, “que se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: Quem é o maior no Reino dos Céus?”

Em todos os tempos, o desejo de grandeza e de glória encontra guarida em muitas mentes. Mas nada escapa ao olhar atento de Jesus. Por isso, querendo formá-los, ele adverte que para partilhar da sua glória é necessário passar pela cruz. De imediato, eles não o entendem, pois era forte entre eles a concepção da vinda gloriosa do Messias. Jesus não desiste. Em sua paciência, escreve S. Jerônimo, ele “quer purificar, por meio da humildade, o desejo de glória manifestado por eles”. Ele se assenta, como no sermão da Montanha, e profere um solene apelo, pois não se trata simplesmente de uma situação hierárquica. O essencial não é o lugar que eles ocuparão junto a ele, mas é possuir a condição necessária para entrar no Reino de Deus. E esta consiste, acentua S. Gregório de Nissa, “no serviço, compreendido como atitude de quem segue o Mestre e abraça como sentido de sua vida o amor a Deus e ao próximo”.

         É no amor, expresso no serviço, que o discípulo participa da realidade de Deus. Para tanto, há uma exigência, a de conversão, mudança no modo de pensar e de ser. Daí o fato de Jesus dizer: “Se alguém quiser ser o primeiro seja o último e aquele que serve a todos”. E exemplifica suas palavras, tomando uma criança e colocando-a no meio deles. “Neste gesto, diz Orígenes, ele simboliza a humildade, obra do Espírito Santo” na vida de quem o segue. A figura das crianças é comentada por S. Hilário que observa: “Por crianças, o Senhor significa todos os que nele creem pela fé, após tê-lo escutado. Pois serão ilário.. como as crianças, que seguem seu pai, que amam sua mãe e têm por verdadeiro o que lhes é dito”. Então, em sua vida, brilhará a humildade do Senhor.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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