Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 12 de setembro
Reflexão do Evangelho
de Quinta-feira – 12 de setembro
Lc 6, 27-38 - Amor
aos inimigos
No poder do Senhor,
que penetra e vivifica nossa vida, somos convocados a respirar o ar da
ressurreição. Oculto em sua humanidade, o Filho de Deus dá-se a conhecer e, na
sua bondade misericordiosa, purifica-nos de nossas faltas e pecados. Ele é a
“suprema epifania” do amor incomensurável de Deus, que “nos conduz, exclama S.
Agostinho, àquela luz que nossos olhos não conhecem. O olhar interior,
preparado, permite-nos ver a luz que ninguém pode obscurecer”. Tornamo-nos,
assim, partícipes da vida divina.
Porém, para permanecer em Deus há de se observar o mandamento do amor a
Deus e ao próximo, que significa, conforme S. Boaventura, participar “do amor
com o qual Deus nos ama e com o qual ele nos permite amá-lo”. Amados por Deus,
nós o amamos com o próprio amor que ele nos comunica. Nesse amor, que não nega
a afetividade (eros), mas a eleva, nós amamos a todos. Pois a realidade humana (eros)
sem o amor divino (ágape), não chegaria à sua perfeição. Ela seria um corpo sem
alma. Por outro lado, o amor divino sem a afetividade humana (eros) seria uma
alma sem corpo. Compreendemos, então, que o próximo não é simplesmente o outro,
mas, sobretudo, cada um de nós mesmos. O amor divino criador e, também,
salvador invade-nos e torna-nos filhos adotivos e amados de Deus. E, assim, a estupefaciente generosidade de
Deus permite-nos amar nossos semelhantes como a nós mesmos. Abominamos o mal,
sem deixar de amar a pessoa do outro, mesmo sendo ele nosso inimigo. Alcançamos
a harmonia interior e, na serenidade da alma, cumprimos as palavras de Jesus:
“Como quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Amai os vossos
inimigos, fazei bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Será grande
a vossa recompensa, e vós sereis filhos do Altíssimo, pois ele é bom para com
os ingratos e os maus”.
Portanto, os limites do amor abarcam não só os
membros da família ou os de sua própria raça, mas estendem-se também aos próprios
inimigos. Em sua grandeza e beleza, realizam-se as palavras de Jesus: “amai-vos
uns aos outros como eu vos amei”. Do ponto de vista, meramente humano, talvez alguém
se assuste e julgue ser impossível efetivar semelhante amor. Mas o amor não
provém tão unicamente do alto, sem vínculos com a realidade humana. O eros,
amor do homem ao bem e à beleza, e o
ágape, amor de Deus concedido a nós, não se separam. Constituem o verdadeiro
amor, que nos permite contemplar a unidade de nossa vida na unidade da Trindade
santa. Em nossos corações, reinará a paz, mesmo diante das perseguições e
injúrias, das difamações e ofensas caluniosas. Amaremos nossos próprios inimigos,
observa Tertuliano, “num ato que só os cristãos são capazes de realizar”. Pois, considera S. Ambrósio, “amar os próprios
inimigos é expressão da caridade, que brota diretamente do amor de Deus”.
De fato, o seguidor
do Senhor não vê o mal que o outro lhe faz, mas o mal presente na vida de seu
semelhante, prejudicando-o e afastando-o de Deus. Por isso, o cristão reza por
ele e, na prática do bem, esforça-se para que ele se volte para o Senhor e
caminhe conforme os divinos ensinamentos.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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