Reflexão do Evangelho do dia 07 de Setembro de 2013
Sábado – 07 de setembro
Lc 6, 1-5: Colheita das espigas
Cristo
mais uma vez quebra as regras rígidas de seu tempo. “Ele proclama o sábado da
graça e da ressurreição eterna, e não o da Lei”, escreve S. Ambrósio. De fato,
o descanso sabático era um dia reservado à oração e à meditação. Um período
para recordar e celebrar a bondade de Deus e a grandeza de sua obra.
Entretanto, os discípulos de Jesus sentem fome e desrespeitam o sábado colhendo
milho para comer. Os escribas e fariseus ficam escandalizados. Não porque os
cristãos apanhavam as espigas, o que era permitido por lei, mas por o fazerem
no sábado. Os evangelistas aproveitam esse episódio da vida de Jesus para
revelar seus ensinamentos e sua missão.
O serviço do Templo pode dispensar os
sacerdotes das obrigações do sábado. Santo Hilário de Poitiers nos lembra:
“Jesus é ele mesmo o Templo”. Sendo assim, não há nada de extraordinário no
fato de os discípulos, a serviço do Filho do Homem, sentirem-se dispensados de
tais exigências, já que estão em comunhão com Cristo. É bom deixar claro que
Jesus não nega o valor do sábado. Ele reconhece que o homem e o seu trabalho
são santificados neste dia consagrado a Deus. É a garantia da Aliança e da
entrada do povo eleito no “repouso eterno”.
Um dos rituais do Templo na época de
Jesus era o dos doze pães da proposição, colocados no altar e substituídos
todos os sábados por outros recém-assados. Apenas os sacerdotes podiam
comê-los. Em seu Evangelho, Mateus conta quais foram as palavras de Jesus
quando os fariseus o acusaram de permitir que seus discípulos fizessem o que
era proibido no sábado: “Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome,
ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da
proposição?” (Mt 12, 3-4).
Com estas palavras, Jesus deixa claro
que a misericórdia, para Ele, vinha antes de qualquer sacrifício, como era o
caso do jejum. Aos famintos, que se lhe deem o que comer, mesmo que sejam
espigas de milho colhidas no sábado consagrado ao Senhor: “Porque o Filho do
Homem é senhor também do sábado!”
Ele queria que este dia da semana
fosse entendido como uma disposição benevolente de Deus para proteger o homem
em sua vida e em seu trabalho, e não apenas como uma exigência arbitrária e
tirânica. Jesus não incita ninguém a trabalhar no sábado, mas sim a reservá-lo
para obras de caridade e ao amor ao próximo. Ele ainda responde assim à
hostilidade dos fariseus: “É permitido, pois, fazer o bem no dia de sábado”.
(Mt 12 -12) E, logo em seguida, cura a mão atrofiada de um homem que estava na
sinagoga. Isso em pleno sábado. As curas também eram proibidas nesse dia da
semana.
Os ouvintes de Cristo, particularmente
os fariseus, “são remetidos à prática das obras de misericórdia que Deus espera
de todos nós”, lembra-nos São Cirilo de Alexandria. O zelo pela observância do
sábado não pode ser motivo de cegueira. Acima dele está a prática da caridade.
Jesus não veio abolir a lei do sábado. Para São Crisóstomo, Ele “quer torná-lo
ainda mais majestoso, pois tudo o que foi prescrito na Lei, nele se cumpriu”.
Com Jesus, o sábado, e mais tarde o
domingo, torna-se um convite à contemplação dos mistérios da vida, que se
efetiva, por meio da graça divina e da liberdade humana, na união com Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário