Reflexão do Evangelho do dia 08 de Setembro de 2013
Domingo – 08 de setembro
Lc 14, 25-33: Renunciar ao que temos
de mais caro
As multidões, movidas pelo desejo de
unidade e de amor, vão aonde quer que Jesus esteja. E muitos, pouco a pouco,
compreendem que segui-lo significa ser regenerado na fé e, nascido do alto, ter
uma vida nova na experiência de Deus. Segui-lo é mais do que caminhar com o
mestre, entregando-se aos seus ensinamentos. Não é só algo exterior, mas muito
mais algo interior, que requer condições estipuladas pelo próprio Senhor. Diz
Jesus: “Se alguém vem a mim e não odeia pai e mãe, mulher, filhos, irmãos,
irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo”.
Não nos assustemos com tais palavras,
pois elas não visam aplacar “a cólera” de Deus ou satisfazer a justiça divina. Elas
expressam a exortação do Senhor para que os discípulos renunciem à vocação
seguida até então e ofereçam a Deus um sacrifício de louvor e de santificação. São
Basílio observa que “ao falar do ódio, Jesus não deseja despertar em nossos
corações tramas e insídias, mas quer conduzir-nos à virtude da piedade e a
rejeitar a voz dos que nos desejam desviar dos ensinamentos divinos”.
O verbo odiar adquire, assim, o
sentido de “ter menos em conta”, o que realça o enfático apelo de Jesus: existir
inteiramente para Deus, descerrando os olhos do seu coração e abrindo-os à
contemplação das belezas divinas. Portanto, o Senhor de um modo bastante direto
quer que o discípulo não considere como valor supremo de sua vida as realidades
do mundo, quaisquer que elas sejam, mas que ele se enamore do bem, da verdade e
da luz, abandonando o mal, a mentira e as trevas. Então, guiado pela verdade e
penetrado pelo amor divino, ele se confia à palavra de Deus para amar, em
profundidade e santamente, seus parentes e familiares, seus irmãos e
semelhantes.
Do
coração do discípulo brota um autêntico hino de louvor à liberdade,
transportando-o ao coração amoroso de Jesus, que lhe transmite o poder de amar
a todos, não só seus familiares, mas até seus próprios inimigos. As exigências
apresentadas unem-se à infinita misericórdia de Jesus, que, de modo enfático,
une o discípulo ao seu martírio na cruz com as palavras: “Quem não carregar a
sua cruz, quem não renunciar a si mesmo, não pode ser meu discípulo”. Portanto,
no seguimento de Jesus e unido ao seu sacrifício pela salvação da humanidade, o
discípulo coloca sua vida, generosa e despretensiosamente, a serviço de Deus e
dos irmãos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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