Reflexão do Evangelho do dia 03 de Setembro de 2013
Terça-feira – 03 de setembro
Lc 4, 31-37: A cura de um endemoninhado
Reportando-se aos sinais feitos pelos
profetas Elias e Eliseu, o povo exclama: “Nunca se viu coisa semelhante em
Israel!” O assombro dos que presenciam o milagre é o momento culminante das
obras messiânicas, realizadas por Jesus, em sua missão pública. Anteriormente,
o mesmo tinha acontecido em relação à sua pregação, em que todos ficaram
admirados e exclamavam: “Ele fala com autoridade!”
A cura do endemoninhado encerra-se com
um duplo julgamento: A revelação maravilhosa das obras de Jesus e a
interpretação malévola, perpetrada por seus inimigos, que “descidos de
Jerusalém” declaram: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”.
Por isso, há a exigência de um ato de fé, pois em ambas as situações, pregação
e cura de enfermos, exprime-se um aspecto característico do poder de Jesus,
distinguindo-o de alguns de seus contemporâneos, que praticavam a magia e se
declaravam capazes de exorcizar. Em contraste com o que sucedia com eles,
quando Jesus utiliza o poder de sua palavra, todos ficam surpresos e, pasmos,
exclamam: “Eis um ensinamento novo, cheio de autoridade! Ele ordena aos
espíritos impuros e eles lhe obedecem!”
A descrição do homem, apresentado a
Jesus, deixa entrever o elemento demoníaco presente na experiência humana. A
propósito desse episódio, Orígenes fala da liberdade concedida por Deus ao homem,
“conduzindo-o ao cume do bem ou precipitando-o no abismo do mal”. É o combate interior, descrito como o conflito
trágico entre o poder do mal e a benevolência divina, que torna cada um
“artífice de sua salvação ou de sua condenação”. Em sua missão, Jesus livra o
homem do império do mal ou de um poder pessoal mais forte do que ele, e leva-o
ao Reino do amor, da paz e da justiça.
O pecado assombra a natureza humana,
desviando-a de sua lídima realização e deformando a reta orientação de seus
atos. Como a poluição do ar impede de se ver claramente a luz do sol, o pecado
não permite a livre atuação da graça e o desabrochar harmonioso da criatura em
sua natureza. Tais impedimentos multiplicam-se na vida da pessoa e no corpo
social, podendo chegar ao obscurantismo e à barbárie, não dando espaço para a
reta e natural ordenação do homem, “criado à imagem e semelhança de Deus”. Porém,
permanece no homem a radical capacidade para o bem, que o conduz não a um
divino anônimo, mas a Cristo transfigurado. Então, despertado do sonambulismo, ele
vive o resplendor da cruz e participa da vitória sobre o pecado e o mal.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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