Reflexão do Evangelho de domingo 19 de junho
Reflexão
do Evangelho de domingo 19 de junho
Lc
9,18-24 - Confissão de S. Pedro
A
caminho das aldeias de Cesareia de Filipe, para introduzir os Apóstolos no
mistério de sua missão, cujo objetivo era formar e constituir o novo povo de
Deus, Jesus pergunta-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou? ”. A resposta de
Pedro, em nome de todos, é significativa, imediata e direta: “Tu és o Cristo de
Deus”. As palavras de Pedro indicam não só a prova pela qual Jesus deverá
passar, mas igualmente a fé dos discípulos, que hão de acolher a sua Paixão. É
o seguimento da cruz, caminho de renúncia, necessário para encontrar-se nele e para
decidir-se por Ele.
Momento
solene e revelador. Arrebatados ao âmago da vida de oração e de comunhão com o
Pai, os olhos interiores dos Apóstolos se iluminam e eles reconhecem nas
palavras de Jesus uma aquiescência implícita à sua missão de Servo Sofredor. Com
efeito, chamando-o de “o Cristo de Deus”, o apóstolo reporta-se, evidentemente,
ao Messias, compreendido não como um rei terreno e político, mas como o
Salvador esperado e desejado por todos os homens, pois sua missão se estende
para além dos horizontes de Israel e atinge todas as nações. É a realização da
esperança messiânica: reunião de todas as gentes num só povo, o povo messiânico.
Os gentios acolhidos são mais do que os prosélitos, vindos da diáspora, compreendem
também todos os que se converteriam à sua Palavra, proclamada até as
extremidades da terra.
Mas
não só. A ação de Jesus vai além da reconciliação dos homens com Deus: estende-se
à comunhão dos homens entre si, graças à solidariedade com Ele; melhor, graças à
inclusão nele de toda a humanidade regenerada. Bela é a expressão de S.
Atanásio: “Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”. Se a nossa humanidade
é a mesma que foi assumida pelo Filho de Deus, então, podemos afirmar que a sua
humanidade não é simplesmente semelhante à nossa, mas ela é de fato a que está
em nós. Daí a sublime conclusão: nele, nós todos nos encontramos, de maneira que
o retorno dele ao Pai já é a nossa presença, em plenitude, junto de Deus. Exclama
S. Hilário de Poitiers: “Se o Filho de Deus assumiu um corpo, Ele se fez homem;
assim como a Eternidade assumiu o corpo de nossa natureza, nós devemos saber
que a natureza de nosso corpo, em Cristo, pode receber o poder da Eternidade”.
A missão alcança o seu escopo: no coração do
Pai, o povo messiânico participa da perfeita unidade no amor.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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