Reflexão do Evangelho de quinta-feira 30 de junho



Reflexão do Evangelho de quinta-feira 30 de junho
Mt 9,1-8 - Cura do paralítico e perdão dos pecados


       Um dia, em Nazaré, algumas pessoas “trazem um paralítico, deitado num catre”, e pedem a Jesus que o cure. Dele irradiava uma força espiritual e um irresistível fascínio. Ao seu olhar, não escapava nada da realidade interior de cada um deles, como daquele paralítico, a quem não é dito, imediatamente, como observa S. Hilário de Poitiers: “Sê curado ou levanta-te e caminha”, mas: “Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados”. Para o paralítico, o Seu perdão é uma oferta da salvação ou da comunhão com Deus. Sobremaneira surpresos por julgarem ter Ele assumido uma prerrogativa exclusiva de Deus, os doutores da Lei protestam veementemente. Jesus não discute com eles; porém, assumindo a missão de Filho do Homem, que viria, no fim dos tempos, para redimir os pecadores, Ele cura o paralítico em seu corpo: clara demonstração de que o Reino de Deus é uma realidade em sua pessoa. Jesus orava constantemente, não por obrigação, mas porque, em seu diálogo com o Pai, oferecia-lhe cada criatura, intercedendo para que ela se abrisse à liberdade de um amor profundo e gracioso, pois uma alma liberta era mais agradável a Deus que sacrifícios e severas penitências. Ouvindo essas palavras, o paralítico pensava quanto era bondoso o Senhor em lhe conceder vida nova, e, no silêncio de seu coração, passou a reconhecer que ele, em sua pequenez, valia mais que seus próprios atos. O Mestre o amava e ele, cheio de encantamento interior, sente-se respeitado em sua dignidade de pessoa humana, chamado a descobrir a si mesmo na comunhão com Deus e com os irmãos.   
Sereno, aquele que fora paralítico sentiu a mão divina, abrindo os dedos que transmitiram luz, e descobriu que o admirável não era o milagre, mas sim o poder do perdão, que o acolhia e o renovava interiormente. Uma única condição era exigida: crer, pois, na pureza da fé, era-lhe concedida a grandeza do amor. Os primeiros cristãos, que experimentavam essa ação benevolente do Senhor, que os tocava, sem nada exigir, sem de nada apoderar-se, compreenderam que a fé não só está voltada para os acontecimentos salvadores do passado, mas também se orienta para o futuro: a convivência de Jesus com os pecadores, seu ato libertador, proclamava já agora o poder salvador do Ressuscitado, despertando nos discípulos uma confiança inabalável em sua infinita misericórdia.   
        Como transparece, a presença silenciosa, serena, sóbria e vigorosa de Jesus, na disposição de servir a todos, envolve seus discípulos e faz com que se mantenham sempre unidos a Deus, abraçando a vida em sua realidade concreta, o que lhes permite ouvir: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Assim como o paralítico, também eles, perdoados, são fortalecidos no corpo e na alma, “de sorte que ficaram admirados e glorificaram a Deus, dizendo: ‘Nunca vimos coisa igual!’”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM


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