Reflexão do Evangelho de quinta-feira 09 de junho
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 09 de junho
Mt 5,
20-26 - A nova justiça é superior à antiga
A
justiça evoca as boas relações entre os homens e entre eles e Deus. Neste
sentido, Jesus estabelece princípios, que inspiram os filhos de Deus a vencer o
mal pelo bem e amar os próprios inimigos. Daí sua recomendação: “Se a vossa
justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não
entrareis no Reino dos céus”. Não se trata apenas da justiça distributiva, dar
ao outro o que lhe é devido, mas, sobretudo, do “ser justo”, ou seja, da relação
harmoniosa do homem com Deus, concretamente, demonstrada no amor e respeito ao
próximo de acordo com os ensinamentos da Aliança divina. Por isso, de modo
enfático, Jesus proclama: “Não matarás, aquele que matar terá de responder em
juízo”. De fato, por ser um ato contra o próprio Deus, à imagem do qual todo
ser humano foi criado, é impensável tirar, de modo voluntário, a vida de alguém.
S. Gregório de Nissa dirá que o ser humano é “imagem viva de Deus”, não apenas em
seu ser espiritual, mas também em seu ser corpóreo, pois em seu ser único e
indiviso, o homem reflete Jesus Cristo, face humana de Deus.
Consequentemente, o ato de matar manifesta
a ousadia de querer “se apoderar do que é de Deus, sem Deus”, destruindo o ser
humano, que é a porta de entrada da graça divina no mundo criado. Alguém pode prejudicar
o outro, seja de forma física, mental ou espiritual. Por isso, logo adiante, Jesus acrescenta que
mesmo “aquele que se encoleriza com seu irmão é réu em juízo”. O Mestre, que
veio para trazer salvação e felicidade a todos os seres humanos, que Ele criou
para a vida, transfere o centro de importância, da ordem ritual e jurídica para
a esfera moral e espiritual, o que provoca uma profunda mudança: exige-se
abandonar o egoísmo e toda expressão de ódio, e abrir o coração à dedicação
misericordiosa ao próximo.
Seu desejo é instalar no coração humano,
para além do crime e do castigo, a comunhão fraterna, pois o pecado, semelhante
a uma semente, cresce e se desenvolve, pouco a pouco, a menos que não seja
superado e destruído pela graça de Deus, fogo divino, que o purifica de seus vícios
e estabelece a vitória do amor e da força vivificante de Deus. Assim, de modo
direto e compassivo, Ele conduz à fonte originária da vida cristã: a caridade. Se
ela estiver presente na vida dos seus seguidores, eles jamais irão tirar a vida
de alguém, tampouco se deixarão encolerizar contra seu irmão. S. Agostinho exclama:
“Vivamos o amor e façamos o que quiser!”. Pois quem ama jamais ofenderá o irmão
e não deixará de corresponder às exigências do Evangelho.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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