Reflexão do Evangelho de terça-feira 07 de junho
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 07 de junho
Mt 5,
13-16 - Vós sois o sal da terra e a luz do mundo
Com a vinda de Jesus, o Filho de Deus, o
céu aproximou-se da terra, e foi inaugurado o “dia do Senhor”, pois Ele nos
ensinou, na simplicidade do cotidiano, a louvar a Deus, que não deixa de abençoar
a criação e a amar a humanidade. Durante sua vida nesta terra, Ele demonstrou dedicação
misericordiosa e uma excepcional bondade para com os seus semelhantes, e instaurou
uma nova ordem, em que o seu amor ia de Deus às criaturas mais humildes e
desprezadas. Ao assumir de Maria a nossa humanidade, Jesus inseriu todos nós em
sua própria vida, afastando do coração humano o medo, a angústia e a solidão, pois,
segundo S. Atanásio, “Deus criou o mundo para que Ele se tornasse homem e para
que o homem se tornasse deus pela graça, e participasse da vida divina”.
Continuadores
de sua missão, os Apóstolos e os seus seguidores recebem a incumbência de proclamar
aos povos e nações uma fé viva e eficaz, capaz de levá-los a se amarem uns aos
outros. Despojados e amantes da simplicidade e pobreza, eles compreendem que do
tamanho da humildade só existe o amor deles pelos irmãos.
Para caracterizar essa missão, como era seu
costume, Jesus utiliza imagens simples e populares, dizendo-lhes: “Vós sois o
sal da terra; vós sois a luz do mundo”. O sal, valiosa mercadoria no mundo
antigo, purifica, penetra e preserva os alimentos, mas, quando impuro, torna-se
insípido e perde todo o seu valor e nada há que possa restituir o seu sabor. Caso
sejam assim, insípidos, seus seguidores serão desdenhados pelo povo e suas
palavras não terão força. Mas se forem sal puro, neles brilharão os lampejos da
realidade divina, e suas palavras e ações penetrarão seus ouvintes,
comunicando-lhes os valores do Evangelho: cria-se a comunidade dos discípulos, que
não será o prolongamento da vida humana, simplesmente, como ela se encontra,
mas, mediante uma missão, que em nada se assemelha a uma pregação moralizadora,
ela irá provocar a purificação e a preservação da sociedade humana à luz do
Evangelho do amor e da misericórdia.
Mas
eles são também “luz do mundo”, presença resplandecente de Deus, em meio a um mundo
que carece não só da luz externa, mas muito mais da luz interior: eles são uma voz
profética, que faz eco à misericórdia da comunhão fraterna e ao esplendor de
uma vida de santidade, livre de preconceitos, de privilégios, de arrogâncias,
jamais admitindo a duplicidade de uma alma dividida (dipsychia). Daí o fato de a luz, no mundo judaico, expressar a beleza
interior e a verdade do ser humano em Deus.
A
propósito, é interessante lembrar que o mestre da “verdadeira Lei” era
tradicionalmente chamado de “luz do mundo”. Por isso, é emblemática a apresentação
de Jesus no Templo, quando o profeta Simeão, tendo em seus braços o Menino
Jesus, proclama: “Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste
em face de todos os povos, luz para iluminar as nações, e glória de teu povo,
Israel” (Lc 2,29s). De fato, mais tarde, em sua vida pública, Jesus irá
criticar os fariseus por acrescentarem à Lei centenas de pequenas prescrições, e
remeterá seus seguidores à autêntica herança espiritual de Moisés e dos
Profetas: Ele é o verdadeiro Mestre da Lei; Ele é a luz do mundo.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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