Reflexão do Evangelho de sábado 11 de junho



Reflexão do Evangelho de sábado 11 de junho
Mt 10,7-13 - A missão dos Doze (recomendações para a missão)

          
       Para o acompanharem em sua missão, Jesus escolheu, dentre seus discípulos, doze Apóstolos. Pouco a pouco, essa comunidade, que nos inícios faz a experiência da presença da salvação de Deus em Jesus, passa a reconhecer a Sua ação salvadora, e são enviados em missão para proclamar o Reino de Deus numa conversão para Jesus. Colaboradores, eles participam efetivamente da missão do Mestre e prolongam a sua ação, proclamando a proximidade do Reino de Deus, curando os enfermos e expulsando os demônios. Para exercerem esse ministério, o Senhor os reveste de sua própria autoridade: “Quem vos ouve, a mim ouve”. Dirá o Apóstolo S. Paulo à comunidade de Corinto: “Em nome de Cristo exercemos a função de embaixadores e por nosso intermédio é Deus mesmo que vos exorta” (2Cor 5,20). É o que expressa a sua vocação de Apóstolo, seguindo Jesus em todas as circunstâncias, até no caminho do sofrimento. Ir além dos poderes confiados pelo Mestre ou deturpá-los seria abuso de confiança, ou traição.
       Logo após, ao enviá-los, Jesus recomenda-lhes “que não levem nada para o caminho: nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto, apenas um cajado”. Ele os quer livres e disponíveis, sem preocupações, com inteira confiança na Providência divina. S. Agostinho lê nas palavras de Jesus o desejo de que eles “caminhem na simplicidade, não na duplicidade”. Por sua vez, S. Clemente de Roma lembrava à comunidade de Corinto que o Pai celestial “com doçura e suavidade comunica suas graças a quem se apresenta a Ele com simplicidade de pensamento (aplê dianoia)”. Por isso, aquele que anuncia a mensagem do Senhor, “jamais será duplo de espírito (mè dipsychômen)”.
Aquele que é chamado, simplesmente deixando tudo, vai de cidade em cidade, em total disponibilidade, tornando presente a mensagem de Jesus, que era um pregador ambulante sem morada fixa. Ao chegar a uma cidade, portador de uma alma reta, não dividida, o Apóstolo deverá encontrar logo hospitalidade em uma casa, e ali permanecer, recebendo teto e pão, porque “o operário tem direito a seu sustento”. O que importa é perseverar no espírito de simplicidade e de renúncia, pois só desse modo, qual “pobre de Deus” (anawim), ele poderá testemunhar Aquele que o envia e lhe “ordena dar gratuitamente o que gratuitamente tinha recebido”.
       A todos, os Apóstolos comunicarão a paz, fruto da exigência de servir ao próximo e de amar os inimigos, e quem a recebe se inclui entre os membros do Reino de Deus e se deixa invadir pela luz divina, tornando-se sinal de um mundo novo, mais justo e fraterno. A paz que lhe é comunicada é tão real que, caso alguém não a queira receber, ela retorna à sua origem. O mesmo sucede em relação à cidade visitada por eles: se seus habitantes não se dignam receber o Evangelho, ao partirem, eles deverão sacudir “o pó de debaixo dos pés em testemunho contra eles”. Gesto que não significa desprezo pelos cidadãos daquela cidade, mas que expressa, principalmente, um forte apelo à conversão, pois abrir-se ao Reino de Deus é dedicar-se à integridade de si mesmo; é viver sem medo de viver e de morrer; é ter confiança incondicional em Deus; é caminho para a felicidade. Assim, anunciadores do Evangelho, os Apóstolos proclamam a mensagem da salvação e da proximidade urgente do Reino de Deus, e “ungem com óleo” os enfermos e doentes, prolongando ao longo do tempo a obra de Jesus.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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