Reflexão do Evangelho de quinta-feira 02 de junho
Reflexão do Evangelho de quinta-feira 02 de junho
Mc 12, 28-34 - O maior mandamento
No mundo judaico, os mandamentos do amor
a Deus e ao próximo, embora pronunciados em contextos diferentes, são
fundamentais aos membros do Povo de Deus. O mundo grego destacava também dois
mandamentos principais: a veneração a Deus (eusébeia)
e a reta e justa relação para com os semelhantes (dikaiosyné). Assim, à pergunta de um escriba sobre qual seria o
maior e primeiro mandamento, Jesus cita aquele que fazia parte da profissão de
fé monoteísta de cada judeu: amar a Deus de todo coração e com todas as suas
forças. Mas, por iniciativa própria, Ele acrescenta um segundo mandamento: amar
o próximo como a si mesmo (cf. Lev. 19,18). Se as Escrituras os citam,
separadamente, Jesus os une, intimamente, e manifesta serem eles expressão do
amor de Deus para conosco.
Ao
assumir a realidade humana, Jesus inclui nele a humanidade regenerada e nos torna
participantes da vida divina. Por isso, sendo a “suprema epifania” do amor
incomensurável de Deus, Ele nos permite amar, em seu próprio amor, o Pai e os
nossos semelhantes. Eis a chave de nossa esperança, com a qual abrimos a porta
do nosso coração para entrever o novo horizonte do Povo de Israel, renovado por
Jesus.
Nesse
sentido, é significativa a frase de S. Gregório de Nazianzo: “O que não foi
assumido, não foi salvo”, ou a declaração de S. Atanásio: “Deus se fez homem
para que o homem se tornasse Deus”, pois a humanidade de Jesus não é,
simplesmente, semelhante à nossa: trata-se da nossa humanidade, a mesma que
está em nós. Jesus é verdadeiramente o “novo Adão”, em quem cada ser humano
encontra suja natureza plena e perfeitamente realizada. Aqueles que abraçam,
por um empenho pessoal e livre, a nova vida em Cristo, participam do seu amor, amando
como Ele amou a todos, quaisquer que eles sejam. Diante desses ensinamentos,
exclama o escriba: “Isso vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”.
Por conseguinte, o amor cristão não se
reduz a um mero sentimento; ele provém de nossa união a Cristo, em quem a
natureza humana não é abolida, mas restaurada e transfigurada. Em sua
totalidade, alma e corpo, o ser humano é verdadeiramente, no dizer de S.
Irineu, imagem e semelhança de Cristo, pois ele traz em sua vida um aspecto
pessoal, que o conduz não só a uma unidade interna, mas a um autêntico
relacionamento com Deus e com seus semelhantes.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
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