Reflexão do Evangelho de segunda-feira 13 de junho
Reflexão
do Evangelho de segunda-feira 13 de junho
Mt 5,
38-42 - Olho por olho e dente por dente
Ao interpretar a Torá, dá-se, com Jesus,
a mudança da esfera cultual para a esfera moral-espiritual. Se a Lei proibia o
assassinato, Jesus vai além; Ele quer banir do coração humano o ódio ou, no
dizer de S. Agostinho, “as vinganças desmesuradas”. Se os códigos do Antigo
Testamento falam do princípio de compensação, referendada pela lei romana do
“talión”: “Vida por vida, olho por olho”, Jesus fala da justiça misericordiosa
e do amor devido aos próprios inimigos. Aliás, a prática da Lei do Talião estava
já perdendo força, e no tempo de Jesus, provavelmente, já assumira a forma de uma
compensação pecuniária. Evolução provocada, em grande parte, pela consciência
que se tinha da proximidade privilegiada de Deus junto ao seu povo.
Em
suas pregações, Jesus destaca a verdadeira relação de aliança com Deus e com o
próximo, de maneira que uma oferta feita a Deus pelos pecados não terá força se
não for acompanhada pela reconciliação com o próximo ofendido. Ademais, Ele
mostra que o objetivo principal da Lei não é apenas frear o desejo da vingança
pessoal, mas conduzir o faltoso à santidade de vida, à caridade generosa. Aliás,
o apelo incisivo para que todos se assemelhem ao Pai causa surpresa aos
doutores da Lei, que não o compreendem ao ouvi-lo dizer: “Sede perfeitos como
vosso Pai celeste é perfeito”. Nesse
sentido, S. Agostinho lembra que, ao perder o seu ímpeto, a violência é acolhida
“nas redes da paciente caridade” e inspira o discípulo a vencer o mal com o bem
e, até mesmo, desejar o bem daqueles que o ofendem, tarefa ousada, que exige
força interior e espiritual.
No contexto da época, Jesus subordina o
ato jurídico estrito à misericórdia divina, vértice espiritual dos Dez
Mandamentos do Sinai. Em outras palavras, Jesus rejeita a obediência servil, em
favor da obediência filial da fé, fruto do amor fraterno. Diz Ele: “Àquele que
quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também a veste; e se
alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas”. Sem deixar de ser
judeu, Jesus supera a Lei mosaica, e introduz os discípulos na Lei evangélica, “pois
se amais somente aqueles que vos amam, que mérito tereis com isso? Não agem da
mesma forma os pecadores? ”. Por conseguinte, seu objetivo principal é mostrar
o ideal a ser buscado pelos seus seguidores, para que sejam, efetivamente, “filhos
do Pai que está nos céus, que faz nascer o Sol sobre os maus e os bons, e
chover sobre os justos e os injustos”. Sem cair numa visão casuística, Ele os
exorta a almejar a perfeição espiritual, graças à qual eles se tornam
partícipes, desde já, da feliz eternidade do Pai.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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