Reflexão do Evangelho de quarta-feira 22 de junho
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 22 de junho
Mt 7,
15-20 - Os falsos profetas
Com
voz suave e profética, eco da misericórdia divina, Jesus clama: “Guardai-vos
dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são
lobos ferozes”. Os falsos mestres dizem ao povo o que eles querem ouvir e aos
que estão presos aos seus próprios interesses apresentam o “caminho largo”, aquele
que não exige nem esforço nem renúncia. Desde os inícios, a Igreja contou com a
presença de verdadeiros e falsos profetas, pois no campo do Evangelho, o joio do
mal e do fanatismo sempre tentou encontrar espaço ao lado da boa semente dos
autênticos evangelizadores. Distingui-los, não é simples. Aparentando pertencer
ao rebanho do Senhor, os pseudoprofetas demonstram fé e vida cristã, e vêm a
nós revestidos de ovelhas, recordando ironicamente a pele característica dos
profetas, como João Batista. Apesar de pretenderem ser os chefes espirituais do
povo, eles serão rejeitados pelos efeitos prejudiciais de seus ensinamentos: são
seres divididos, “lobos vorazes”, nos quais não há coerência entre o que dizem e
suas intenções.
Nesse
sentido, observa S. Hilário de Poitiers: “Muitos que se achegam, com palavras
doces e com falsa mansidão, devem ser acolhidos ou não segundo o fruto de suas
obras. Cada qual se dá a conhecer, não simplesmente por suas palavras, mas por
suas ações e comportamento”. O próprio Senhor oferece os critérios para identificar
os verdadeiros dos falsos profetas: “Não há árvore boa que dê maus frutos, e
nem árvore má que dê frutos bons”. Se suas palavras e discursos não permitem suspeitar
de suas intenções ocultas, eles serão, no entanto, reconhecidos pelos efeitos
de suas obras. Se em Deus não existe oposição entre o “dizer” e o “fazer”, pois
para Ele dizer é fazer (rhêma e dabar), o mesmo não acontece,
normalmente, no comportamento dos falsos profetas, porquanto os verdadeiros
profetas são identificados tanto pelo cumprimento das profecias, como pelo modo
em que vivem.
Aqui
entra o conteúdo da liberdade, experiência central da existência humana, que pode
exprimir a presença de Deus, mas também a presença correlativa do mal. A fonte
ou a inspiração do mal, porém, não pode ser atribuída, de imediato, à natureza humana,
criada à imagem e semelhança de Deus: o homem, em sua totalidade, pode ou não
assemelhar-se a Cristo, que é a sua verdade e realização plena. Tudo depende de
sua liberdade, pois a situação do ser humano fica sempre em aberto diante de
Deus. Por consequência, cabe ao homem seguir os falsos ou os verdadeiros
profetas, segundo os quais ele irá se assemelhar pelo seu modo de ser e de
viver.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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