Reflexão do Evangelho de terça-feira 28 de junho
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 28 de junho
Mt,
8-23-27 - Tempestade acalmada
Ventos e águas revoltas. No meio do
lago, lá pela hora do crepúsculo, encontram-se Jesus e os discípulos numa
barca, sacudida pelo vento, que fazem as ondas despencarem sobre eles. Os
apóstolos, marinheiros de profissão, pressentem o perigo. Na popa, tomado pelo
cansaço, Jesus dorme; a agitação das águas e o choque do barco contra as ondas
não o perturbam. Apavorados, eles clamam pelo Mestre, que intrépido, de pé,
coloca-se ante o vento e o mar, e grita: “Silêncio! Cala-te! ”. À diferença do
salmista ou de Jonas, que invocam o auxílio de Deus, Jesus age por Ele mesmo, o
que suscita a exclamação dos Apóstolos: “Que homem é este, que até os ventos e
o mar lhe obedecem? ”. Três séculos mais tarde, S. Atanásio declara: “Aquele
que ordenou ao mar não era uma criatura, mas sim o Criador”.
Desde o início, os cristãos leem neste
milagre a figura da Igreja. A tempestade e as ondas em reboliço lembram a
violência da morte do Senhor e as turbulências pelas quais a Igreja há de
passar ao longo de sua história. Mas, a exemplo dos Apóstolos, ela confia no
Senhor, que lhe trará paz e bonança. Diz Orígenes: “ Todos vós que navegais na
barca da fé, todos vós que passais através das ondas deste mundo na barca da
Igreja santa com Cristo, embora Ele durma em piedoso descanso, vigiam vossa
paciência e perseverança. Com ardor, aproximai-vos dele, insistindo com
orações”.
Jesus
dorme. Seu silêncio fala da constante e serena presença daquele que tudo pode,
ainda que por vezes, pareça não estar atento às necessidades e perigos dos que
nele esperam. Observa S. Agostinho: “Se naufragas, é porque Cristo dormiu em
ti. Esqueceste o Cristo. Desperta o Senhor e traze-o à memória. Despertar Jesus
é pensar nele. Nasce a tentação, eis o vento; perturbação que te vem, eis as
ondas. Desperta Cristo e Ele falará contigo e tu exclamarás: ‘Quem é este, a
quem até o vento e o mar obedecem! ’”.
Há
tanto tempo estavam os Apóstolos com Jesus, e ainda não tinham tomado consciência
de que não há nada a temer, mesmo que Ele estivesse dormindo! Às suas palavras,
logo a tempestade cessou completamente. Pasmos, mas fortalecidos interiormente,
os Apóstolos ressurgem para uma vida de comunhão com Cristo, que os conduz a ter
uma confiança inabalável em Deus. Dia após dia, eles crescem na sublime
experiência do amor divino e entregam-se a Jesus, numa alegria indizível, pois estar
com Ele é garantia da presença salvadora de Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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