Reflexão do Evangelho de sexta-feira 03 de junho
Reflexão
do Evangelho de sexta-feira 03 de junho
Lc 15,
3-7 - Parábola da ovelha perdida
Para não incorrerem em impurezas legais,
os fariseus tinham estabelecido regras rigorosas sobre como se manterem
distantes dos que eram tidos em conta de pecadores. Em sua rigidez, eles se negavam
a lhes emprestar dinheiro ou lhes pedir algo; não lhes davam uma filha em
casamento, tampouco os convidavam como hóspedes. Mas eis que Jesus convive
misericordiosamente com os pecadores: Ele os acolhe, frequenta suas casas e
“come com eles”. Eles ficam desconcertados e escandalizados com a liberdade de
Jesus, o que leva S. Cirilo de Alexandria a perguntar: “Dize-me, fariseu, por
qual motivo lamentas que Cristo não se tenha negado a estar com publicanos e
pecadores, mas lhes tenha proporcionado os meios de salvação? ”. A resposta é
dada por Jesus, através da parábola do bom pastor, que vai à procura da ovelha desgarrada.
Quando a encontra, transporta-a alegremente sobre seus ombros e desperta os
demais pastores para que participem de sua alegria. Aliás, esta parábola é o
próprio Jesus, que veio reconduzir a humanidade ao redil divino.
Na
parábola, os verbos “buscar-encontrar” expressam, antes de tudo, a iniciativa
do Pastor e o seu cuidado para com todas as ovelhas. Observa S. Máximo: “Ele
não se esquece, nem mesmo da mais insignificante, pois Ele se recorda de
todas”. S. Ambrósio, num lampejo brilhante de visão espiritual, observa que “os
ombros de Cristo, sobre os quais ele coloca a ovelha perdida, são os braços da
Cruz, que abraçam a todos, uma vez que Ele veio salvar, justamente, quem estava
perdido”. Impõe-se um princípio: jamais deixar de acolher qualquer uma das
ovelhas, visto que cada uma é objeto do terno carinho do Pastor, que conhece e
chama cada uma delas “por seu nome” próprio, insubstituível. A dor e a
ansiedade, sentidas pelo pastor pela perda de uma só delas, transformam-se em
alegria e festa ao encontrá-la.
As
palavras de Jesus refletem ternura e misericórdia, sobretudo, quando proclama
ter vindo não para condenar, mas sim para salvar os pecadores, jamais
rejeitados. Ele vela por todos, e se assenta com eles à mesa, sugerindo aos
fariseus uma guinada espiritual total, pois Ele oferece, generosamente, a cada
um o seu auxílio misericordioso e a comunhão com Deus. Exclama S. Efrém: “Espetáculo
admirável: os anjos temem, por causa de sua grandeza, e os pecadores comem e
bebem com Ele”.
Ainda
hoje, segundo S. Basílio, Jesus nos leva a refletir: “O bom Pastor vai ao teu
encontro e se tu te dás a ele, ele não hesitará e não desdenhará na sua bondade
em te colocar sobre seus ombros, alegrando-se por ter encontrado a ovelha que
estava perdida. E se alguém protesta que tu foste acolhida imediatamente, o
próprio Pai falará em tua defesa dizendo: ‘É necessário festejar e alegrar-se,
porque esta minha filha estava morta e agora retornou à vida, estava perdida e
foi reencontrada’”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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