Reflexão do Evangelho de domingo 05 de junho



Reflexão do Evangelho de domingo 05 de junho
Lc 7, 11-17: Ressurreição do filho da viúva de Naim


       Dois cortejos encontram-se, um seguindo o enterro do filho de uma viúva e outro acompanhando o Senhor. A morte e a vida. O evangelista destaca aspectos comoventes: o morto é um jovem, filho único de uma viúva. Jesus não passa ao largo. De sua parte, não há desinteresse ou abandono, mas acolhimento e bondade. Vendo-a, Ele “ficou comovido e disse-lhe: ‘não chores’”; é o vulto humano de um Deus solidário a nós, verdadeiro homem, e homem de coração. Movido em suas entranhas, mais do que simples pesar ou dor por aquela mulher, Jesus manifesta a imensa ternura de Deus diante da miséria humana. Ele teve compaixão ao ver a multidão que vagava qual rebanho sem pastor, como também ao ouvir as súplicas do cego de Jericó. Compaixão do Bom Samaritano, como também a do pai diante do filho pródigo. Agora, neste episódio comovedor, a misericórdia divina toma a dianteira, antes mesmo que a fé peça o milagre, como destaca S. Cirilo de Alexandria: “Ninguém lhe pediu para trazer à vida o morto, mas ele o faz por iniciativa própria”. 
Com palavras de todo o mundo, Jesus transmitia mensagens que inundavam a todos os corações, e com a sua simples presença dava novo alento, como naquele instante, àquela mulher, que se sentia só e insegura. Consideremos a condição de vida de uma viúva, naquele tempo: era precária e ela dependia para tudo de seus filhos homens ou dos parentes do marido. Num impulso generoso e espontâneo, Jesus vem em socorro da mulher, o que leva Chesterton a comparar “a história de Cristo com a história de uma viagem – ou ainda – a história de uma campanha, de uma expedição”: suas palavras não sugerem o conformismo, tampouco uma visão estática da bem-aventurança futura. Dirá S. Irineu: “Não busquemos Deus no passado; Ele é aquele que vem do futuro”, para que o homem se torne plenamente mais ele mesmo por seu próprio esforço.            
       Jesus, em sua pessoa e em sua conduta, é tão humano, que alguns chegam a dizer que Ele não pode ser senão Deus. E é nessa dedicação misericordiosa que Ele ressuscita o filho da viúva, mediante uma simples palavra: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te! ”. A ressurreição física do jovem anuncia todas as ressurreições que hão de vir, inclusive a ressurreição da morte espiritual para a qual o pecado nos arrasta. Nesse sentido, Santo Ambrósio assinala que “mesmo se há pecado grave, do qual não podeis vos lavar por vós mesmos pelas lágrimas do arrependimento, por vós a Igreja como mãe chora e intercede por todo filho como a mãe viúva por seus filhos únicos, sobretudo ao ver seus filhos atraídos para a morte por causa dos vícios funestos”. Por conseguinte, em Cristo e pelo Espírito Santo, a humanidade retoma o seu destino original, escatológico e misterioso: na esperança, ela participa, desde já, de uma vida nova e eterna.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM


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